Na manhã de hoje (27), o IBGE divulgou o IPCA-15 de agosto, que teve uma variação de 0,19%, ligeiramente acima da mediana das expectativas do mercado. Com isso, a discussão sobre uma possível alta de juros e o papel do Banco Central voltou à tona.
A economista Ariane Benedito, foi a convidada no programa BM&C News, e analisou o dado divulgado e também o comportamento do BC e suas implicações.
Ariane destacou que o IPCA-15 revelou uma inflação disseminada, com 8 dos 9 setores observados registrando alta nos preços. “É difícil afirmar que o resultado foi positivo, especialmente com o índice de difusão acelerando,” disse a economista.
Ela também apontou que os preços administrados, como os do setor de transportes e habitação, continuam a exercer pressão sobre o índice, complicando o cenário para o Banco Central, que tem menos controle sobre esses preços.
Apesar das pressões, Benedito argumenta que o atual nível de juros já é suficiente para conter a inflação nos próximos anos. “Não há necessidade técnica de o Banco Central aumentar ainda mais os juros,” afirmou. Ela acredita que a política monetária em vigor deve continuar a desacelerar a inflação de forma gradual, mesmo diante de desafios como o aumento da renda média e a queda do desemprego, que impulsionam o consumo.
A preocupação central, segundo Ariane, reside na capacidade do Banco Central de reconquistar a confiança do mercado e ancorar as expectativas de inflação. “O maior desafio agora é comunicar de forma eficaz as próximas etapas da política monetária,” concluiu.
Com a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) agendada para setembro, todas as atenções estão voltadas para as próximas declarações do Banco Central, que precisarão equilibrar os dados recentes de inflação com a necessidade de manter a confiança no controle dos preços a longo prazo.