O governo federal celebrou os dados positivos de emprego com declarações otimistas de seus ministros durante o lançamento da a Política Nacional de Transição Energética. Fernando Haddad, da Fazenda, afirmou que “Lula corre o risco de entregar o País com crescimento maior que o esperado e inflação e desemprego baixos”. Já Luiz Marinho, ministro do Trabalho, destacou que o Caged, em apenas sete meses, deve superar o número registrado em todo o ano de 2023. “Empregos gerados na indústria em 7 meses também irão superar os 12 meses do ano passado”, disse Marinho. O ministro ainda aproveitou para responder ao presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que havia apontado o emprego forte como um dos vilões da inflação, afirmando que “precisa aprender que combater a inflação também pode ser com a oferta e com mais produção”.

O economista VanDyck Silveira fez ressalvas sobre os desafios que o Brasil enfrenta em termos de produtividade e sustentabilidade econômica. Em entrevista ao BM&C News, ele comentou sobre as falas do ministro Marinho, apontando que o aumento do emprego, embora positivo, precisa ser equilibrado com a política fiscal do governo para evitar pressões inflacionárias. “O emprego ajuda quando você tem um aumento… essas pessoas empregadas põem pressão em cima da inflação”, afirmou.
Análise do especialista
O economista também abordou a questão do investimento no país, criticando o baixo nível de formação bruta de capital, que ele considera insuficiente para sustentar um crescimento econômico robusto. “No Brasil, nós temos muito baixo investimento… quando chega a 16% solta fogos de artifício”, observou, comparando o Brasil a outras economias, como a China, que tem taxas de investimento acima de 35%.
VanDyck destacou ainda os riscos associados a políticas econômicas populistas, que priorizam o consumo e o crescimento a curto prazo sem contrapartidas adequadas em investimento. Ele relembrou crises econômicas passadas, argumentando que a falta de investimentos significativos em formação de capital pode levar a recessões prolongadas. “Lula é o patrono de voos de galinha… cresce bombando através de transferência de renda, mas sem um aumento comensurável no investimento”, pontuou.
Outro ponto levantado foi a produtividade no Brasil, que, segundo Silveira, está diretamente ligada à qualidade da educação. O economista criticou o sistema educacional brasileiro, afirmando que ele é um dos mais caros e menos eficazes do mundo, especialmente no ensino fundamental e médio. “O Brasil tem uma das piores, mais incompetentes, menos treinada e menos produtiva força de trabalho do mundo”, disse o comentarista, enfatizando a necessidade de uma reforma educacional que foque nas competências demandadas pelo mercado de trabalho.
O economista concluiu sua análise apontando que, sem melhorias significativas na educação e investimentos estratégicos, o Brasil continuará enfrentando desafios para aumentar sua produtividade. Ele ressaltou a importância de priorizar o ensino fundamental e médio para preparar melhor os jovens para o mercado de trabalho e, consequentemente, melhorar os índices de produtividade do país. “No dia que a gente quiser ser sério com relação à educação, vamos colocar esforços no ensino fundamental e médio”, alertou VanDyck.