Os trabalhadores que passaram a atuar como Microempreendedores Individuais (MEI) no Brasil têm aumentado significativamente nos últimos anos. Em 2021, a massa de trabalho como MEI totalizava 13,1 milhões de pessoas. Um ano depois, em 2022, esse número saltou para 14,6 milhões, uma alta de 1,5 milhão de novos microempreendedores.
Esse movimento foi destacado por uma pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada em 21 de março de 2023. Segundo os dados, o trabalho formal tem sido paulatinamente substituído pela figura do MEI, especialmente no setor de serviços.
Aumento dos Microempreendedores Individuais No Brasil

O estudo do IBGE revelou que 63,4% dos novos MEIs registrados em 2022 tinham sido demitidos de vagas formais de trabalho. Entre os 2,6 milhões de novos registros de MEIs em 2022, mais da metade (60,7%) foram demitidos do emprego anterior por decisão do empregador ou por justa causa. Já uma parcela menor, de 24,8%, decidiu sair do emprego anterior por conta própria.
Por que tantas pessoas estão se tornando MEI?
A figura jurídica do MEI foi criada em 2008 com o objetivo de formalizar trabalhadores que exerciam atividades informais, os famosos “bicos”. No entanto, o que se observa é um fenômeno chamado “pejotização”, onde empresas contratam MEIs em vez de trabalhadores formais para reduzir encargos trabalhistas previstos na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
A CLT prevê uma série de benefícios para o trabalhador formal, como férias remuneradas, FGTS, décimo terceiro salário, e previdência social. Esses benefícios muitas vezes não são garantidos para os contratados via MEI, que são considerados “fornecedores” das empresas.
Como o aumento dos MEIs impacta o mercado de trabalho
O crescimento significativo do número de MEIs não é um fenômeno isolado. A maioria dos novos microempreendedores (69,4%) se filiou nos últimos cinco anos. A realidade do mercado de trabalho brasileiro está mudando, com uma substituição crescente do trabalhador formal pelo microempreendedor individual.
Embora haja um aumento no número de MEIs em termos absolutos, a proporção dessa categoria no quadro geral de ocupados formais caiu de 19,1% em 2021 para 18,8% em 2022. Isso pode ser atribuído ao aumento geral do pessoal ocupado conforme registrado no Cadastro Central de Empresas (CEMPRE) em 2022.
Quais são os setores mais populares entre os MEIs?
A maioria dos MEIs, 51,5%, estão concentrados no setor de serviços. Dentro deste setor, a atividade que mais atrai microempreendedores individuais é a de cabeleireiro, representando 9% do total de MEIs em 2022. A diversidade de trabalhos dentro do regime MEI vai desde pequenos comerciantes até profissionais liberais e autônomos em diversas áreas.
Ademais, existem muitos casos de pessoas que atuam como microempreendedoras e também trabalham como empregados formais. Em 2022, essa situação foi observada em 2,5 milhões de pessoas, contrastando com 2 milhões em 2021.
O que é “pejotização” e quais são seus impactos?
O termo “pejotização” é usado para descrever a prática de empresas contratarem trabalhadores como MEIs para reduzir custos com encargos trabalhistas. Essa prática vem se tornando comum, especialmente em setores onde a flexibilidade e a redução de custos são valorizadas.
O impacto da pejotização no mercado de trabalho é significativo: por um lado, aumenta o número de trabalhadores formalizados, mas, por outro, esses trabalhadores não têm acesso aos mesmos benefícios dos empregados formados sob a CLT. A precarização das condições de trabalho pode ser um efeito colateral dessa prática.
Quais são os desafios e as vantagens de ser um MEI?
- Vantagens:
- Maior autonomia sobre a gestão do trabalho
- Possibilidade de formalizar uma atividade informal
- Facilidade na emissão de notas fiscais
- Desafios:
- Ausência de benefícios como férias remuneradas e FGTS
- Instabilidade financeira
- Necessidade de gerir todas as responsabilidades administrativas
A expansão dos MEIs no Brasil é uma tendência que reflete não apenas a busca por formalização, mas também os desafios do mercado de trabalho atual. À medida que mais trabalhadores se tornam MEIs, é crucial entender as implicações desse movimento tanto para os trabalhadores quanto para a economia brasileira.