O principal índice da bolsa, o Ibovespa fechou em queda, com o apetite por risco global. Investidores vão às compras, ainda, sob impacto das falas de Galípolo. O atual diretor do BC é o mais cotado para assumir o lugar de Campos Neto em 2025.
Segundo análise de Hemelin Mendonça, especialista em mercado de capitais e sócia da AVG Capital, hoje o mercado teve um dos últimos dias positivos para as bolsas em geral já que o medo de recessão nos EUA passou e os olhares estão atentos para os próximos indicadores e como as economias globais vão reagir.
O Ibovespa continua em alta no começo dessa semana, operando em máximas históricas, com recorde de 136 mil pontos hoje e investidores animados com a queda de juros nos EUA mais próxima.
Essa semana começa um pouco mais morna em questões de indicadores macro. Temos dados do PMI (índice de gerente de compras) dos EUA, Zona do Euro e Reino Unido, levando em consideração que teremos a conferência em Jackson Hole. No evento teremos a participação do presidente do FED – Powell na sexta-feira (23), em que o mercado deve conseguir mais pistas de como o FED está encarando a economia americana, e os próximos passos quanto a decisão dos juros por lá.

Acredito que o corte de juros nos EUA pode diminuir o cenário de alta da Selic e também diminuir a curva de juros brasileira.
Goldman Sachs reduziu a probabilidade em 20% de recessão nos EUA, depois de dados da semana passada que vieram positivos, motivos pelos quais tivemos a forte valorização das ações globais, lideradas pelas empresas de tecnologia e inteligência artificial. Isso também impulsiona positivamente a nossa bolsa.
Sem grandes novidades no cenário brasileiro, Campos Neto também falará no evento de Jackson Hole no sábado, mas não deu sinais sobre qual tema será a sua fala.
O mercado está em compasso de espera também em relação a divulgação dos dados do IPCA-15 na próxima semana. Segundo os dados de projeção do FOCUS, é provável que venha com uma alta.
O relatório Focus de hoje veio com projeções maiores para o PIB e IPCA para o final de 2024 e projeção de Selic ainda em alta para 2025. A projeção do IPCA passou de 4,20% para 4,22%, aumento de projeção na quinta semana seguida, o que não é muito bom para as questões fiscais do país e significa que a inflação não está sendo controlada como deveria ser, mas pra 2025 diminui de 3,97% para 3,91%, que vem muito em linha com a projeção para Selic. A projeção para o final deste ano permaneceu em 10,50%, mas para 2025 aumentou de 9,75% para 10%, confirmando a tese de que com a inflação ainda alta não é o momento de baixar os juros em 2024, e pode trazer de novo à tona ideias de que na próxima reunião do COPOM pode ser que tenha uma alta da SELIC.
Além disso, a projeção de queda de inflação para 2025 também vai em linha com a projeção de Selic maior em 2025. Quanto ao PIB passou de 2,20% para 2,23% em 2024, já para 2025 diminuiu de 1,92% para 1,89%. A projeção para cima para o término de 24 vem muito em linha pelo mercado de trabalho que está aquecido, expansão dos gastos e transferências do governo, e as commodities em alta, além dos efeitos das enchentes do Rio Grande do Sul não serem tão drásticos como haviam sido esperados.
Dólar em queda por causa da espera pelos dados dos PMIs de economias do mundo, principalmente dos EUA, e da fala de Powell na sexta-feira no evento de Jackson Hole, quanto a decisão para os juros nos EUA. Na semana passada os dados mostraram que a inflação do país está em queda e por isso pode ter maior chance de queda dos juros por lá. Se o FED reduzir mesmo os juros, o dólar fica menos atraente olhando para os rendimentos dos Treasuries que também ficam menores.
As ações do Bradesco sobem, por ser um bom momento para as ações do setor bancário que tiveram bom desempenho revelados nos balanços e terem melhora de previsão para carteira de crédito no final deste ano. Além disso, o Goldman Sachs recomendou a compra de Bradesco devido a recuperação da crise estrutural, com os resultados do segundo trimestre que vieram acima do esperado.
Ações da Magazine Luiza em alta por conta da sensibilidade do papel ao maior crescimento do país (PIB) projetado para o final do ano. Além disso, as projeções do câmbio e juros estáveis para o final também beneficiam a varejista, além das operações digitais da empresa que estão impulsionando as vendas.
Vale tem uma recuperação por conta da alta do minério de ferro que fechou em alta na China.
PRIO3 e RRRP3 em queda, por conta da visão um pouco mais negativa do petróleo, com temores de demanda mais fraca na China, e as negociações de cessar-fogo no Oriente médio, que podem reduzir os riscos do fornecimento de petróleo na região. Além disso, a 3R divulgou a sua produção média no mês de julho de barris de 54,910mil barris.
WEGE3 em queda por correção de preço sem motivos aparentes. Na semana passada a empresa pagou proventos e dividendos aos acionistas totalizando R$1,05bilhão.
Confira abaixo os dados de fechamento do Ibovespa e demais índices:
- Ibovespa: 135.777,98 (+1,36%)
- S&P 500: 5.608,23 (+0,97%)
- Nasdaq: 17.876,77 (-1,39%)
- Dow Jones: 40.896,40 (+0,58%)
- Dólar: R$ 1,02 (+5,41%)
- Euro: R$ 6,01 (-0,31%)