O Ibovespa continua a bater recordes, alcançando a marca de 135 mil pontos, seu maior nível histórico. A recente alta tem sido impulsionada principalmente por fluxos de capital estrangeiro, atraídos pelas expectativas de cortes na taxa de juros nos Estados Unidos e pela perspectiva de aumento dos juros no Brasil.
No entanto, o economista VanDyck Silveira alerta que essa euforia pode ser temporária e trazer riscos significativos para a bolsa brasileira.
De acordo com Silveira, grande parte do capital que vem elevando o Ibovespa é o chamado “hot money”, investimentos estrangeiros de curto prazo que buscam aproveitar oportunidades rápidas de ganho.
Ele ressalta que, assim como esse capital entra rapidamente no mercado, ele também pode sair com a mesma velocidade, potencialmente causando perdas expressivas para os investidores locais. “Minha preocupação é que esse dinheiro é o famoso ‘hot money’. Da mesma velocidade que ele entra e oferece ganhos extraordinários, ele sai e oferece perdas mais extraordinárias ainda”, afirma o economista.
Apesar das máximas históricas, Silveira observa que o cenário econômico do Brasil não justifica tal otimismo. Segundo ele, a economia real não tem mostrado sinais de crescimento robusto, e a maior parte dos recursos estrangeiros está direcionada à renda fixa, atraída pelos altos juros brasileiros.
Outro ponto levantado por Silveira é o impacto do governo brasileiro, que é o maior tomador de crédito privado do país. Essa posição dominante do governo no mercado de crédito está dificultando o acesso ao financiamento por parte das empresas, especialmente startups, que enfrentam dificuldades para crescer em um ambiente de juros elevados. “Estamos matando o empreendedorismo do Brasil, e quem está fazendo isso é o governo, que é o tomador de crédito e expulsa o setor privado”, destaca Silveira.