Na tarde de ontem (15), o Ibovespa atingiu a sua nova máxima histórica na bolsa, superando os 134.000 pontos. Essa trajetória ascendente, que contrasta com o pessimismo observado há apenas uma semana, foi analisada por Tomas Awad, sócio-fundador da 3R, em entrevista para o programa BM&C News.
Segundo Awad, a recente valorização da bolsa pode ser atribuída a uma combinação de fatores econômicos e políticos. Um dos principais motores desse movimento foi a queda nos juros dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos, o que, segundo ele, aumentou o apetite por risco dos investidores, especialmente os estrangeiros, favorecendo os mercados emergentes como o Brasil. “O Treasury de 10 anos, que é um termômetro importante para a bolsa no Brasil, voltou para o patamar de 3,80%, o que impulsiona a entrada de capital no país”, destacou.
Além disso, Awad observou que o ambiente político relativamente estável e a ausência de novos ruídos fiscais também contribuíram para essa tendência positiva. “O Brasil teve muito pouco ruído político recentemente, e o mercado parece ter esquecido das preocupações com a meta fiscal”, afirmou.
Outro ponto abordado por Tomas Awad foi a expectativa em torno da política monetária tanto nos Estados Unidos quanto no Brasil. Enquanto o Federal Reserve (Fed) dá sinais de uma possível flexibilização monetária, o Banco Central do Brasil enfrenta o desafio de manter a inflação dentro da meta. Awad comentou que o mercado acredita que o atual presidente do Banco Central não elevará os juros no curto prazo, preferindo deixar essa decisão para seu sucessor.
Apesar do otimismo atual, Awad ressalta que nem todos os ativos na bolsa brasileira estão baratos. “Embora alguns papéis tenham corrigido seus preços, ainda existem boas oportunidades, mas é importante observar como os juros se comportarão a longo prazo”, analisou.
Ele também mencionou que, embora o mercado de trabalho no Brasil esteja resiliente, as empresas têm enfrentado dificuldades em manter um crescimento consistente em suas receitas, o que pode indicar um cenário de crescimento mais moderado.
Com a bolsa operando em um cenário de alta volatilidade, Tomas Awad sugere cautela, destacando que a valorização dos ativos deve ser vista com atenção, especialmente diante das incertezas econômicas globais. “O mercado está em um momento positivo, mas é preciso estar atento às mudanças que podem surgir, tanto no cenário internacional quanto no doméstico”, concluiu.