A incidência do câncer de vagina vem crescendo no mundo todo, revela um levantamento global de tendência da doença e fatores associados a ela nos últimos dez anos, publicado em junho de 2024 no periódico Obstetrics & Gynaecology. O Brasil, no entanto, está na contramão e apresentou uma queda nesse período.
O câncer de vagina é raro e responde por apenas 2% dos tumores ginecológicos. Em 2020, foram diagnosticados cerca de 18 mil novos casos no mundo. Ele é caracterizado por lesões na vagina, não incluindo a vulva nem o colo do útero. Costuma aparecer após a menopausa, mas estudos mostram um aumento também entre jovens. Com diagnóstico precoce, a taxa de sobrevida em cinco anos pode atingir 69%. Essa chance cai para 26% se há metástase.
Quais são os fatores de risco associados ao câncer de vagina?
- Idade: A maioria dos casos ocorre em mulheres mais velhas, geralmente acima de 60 anos.
- Infecção pelo Papilomavírus Humano (HPV): O HPV é o principal fator de risco para o câncer de vagina, assim como para o câncer de colo de útero e vulva.
- Tabagismo: O tabagismo aumenta significativamente o risco de desenvolver câncer de vagina.
- Câncer de colo do útero: Mulheres que já tiveram câncer de colo do útero ou lesões pré-cancerosas apresentam maior risco de desenvolver câncer de vagina.
- Imunossupressão: Condições que enfraquecem o sistema imunológico, como a infecção por HIV, aumentam a suscetibilidade ao câncer de vagina.
- História familiar: Ter um familiar de primeiro grau com câncer de vagina pode aumentar o risco levemente.
- Dietilbestrol (DES): Mulheres cujas mães usaram o medicamento dietilbestrol durante a gravidez têm um risco ligeiramente maior de desenvolver câncer de vagina.
Outros fatores que podem estar associados:
- Múltiplos parceiros sexuais: Embora a relação não seja totalmente clara, um maior número de parceiros sexuais pode aumentar o risco de exposição ao HPV.
- Higiene inadequada: Embora não seja um fator comprovado, alguns estudos sugerem que a higiene inadequada da região genital pode aumentar o risco de infecções e, consequentemente, o desenvolvimento de câncer.
Esses fatores respondem por uma grande variação regional na incidência global desse câncer: as maiores taxas estão na África e em regiões da Ásia. Nesses locais, os índices são quatro vezes mais altos do que no Sudeste Asiático, por exemplo, onde há menos casos.
Quais regiões apresentam as maiores taxas de câncer de vagina?
Islândia, Chile, Bahrein e Reino Unido apresentam as maiores tendências de alta na incidência de câncer de vagina. Por outro lado, o Brasil, ao lado de países como Noruega, França e Áustria, teve uma queda. Já Uganda mostrou uma baixa possivelmente associada à redução do HIV, sugerem os autores.
Quais são os sintomas mais comuns?
- Sangramento vaginal anormal
- Coceira ou dor na vagina
- Massa ou ferida na vagina
- Dor durante o sexo
Se você apresentar algum desses sintomas, procure um ginecologista.
Quais são as medidas de prevenção contra o câncer de vagina?
- Vacinação contra o HPV: A vacina contra o HPV é a forma mais eficaz de prevenir o câncer de vagina e outros cânceres relacionados ao HPV.
- Abandono do tabagismo: O tabagismo é um fator de risco modificável, e deixar de fumar pode reduzir significativamente o risco.
- Exames ginecológicos regulares: O exame ginecológico periódico, incluindo o exame papanicolau, é fundamental para a detecção precoce de alterações nas células do colo do útero e da vagina.
- Vida sexual segura: A utilização de preservativos pode ajudar a prevenir a transmissão do HPV e outras infecções sexualmente transmissíveis.
É importante ressaltar que a detecção precoce do câncer de vagina aumenta significativamente as chances de sucesso do tratamento. Por isso, é fundamental manter uma vida sexual saudável, realizar exames ginecológicos regularmente e buscar orientação médica caso surjam quaisquer sintomas.