Em 2024, os pagamentos de emendas de comissão no Brasil aumentaram quase 6000% em relação a 2022. Dados do sistema Siga Brasil do Senado indicam que o valor destinado a essa modalidade de emenda saltou de R$ 136 milhões em 2022 para R$ 8,2 bilhões em 2024. Esse crescimento significativo ocorre após a extinção das emendas de relator pelo Supremo Tribunal Federal (STF), conhecidas como orçamento secreto. O Partido dos Trabalhadores (PT), que controla as comissões responsáveis pela alocação desses recursos, tem exercido uma forte influência.
A Comissão de Saúde da Câmara, presidida pelo Deputado Dr. Francisco do PT do Piauí, já distribuiu R$ 5,5 bilhões este ano. A Comissão de Assuntos Sociais do Senado, liderada pelo Senador Humberto Costa do PT de Pernambuco, pagou R$ 1,15 bilhão. Juntas, essas duas comissões representam 81% das emendas de comissão pagas em 2024.
A falta de transparência na identificação dos parlamentares responsáveis e a ausência de clareza sobre a execução dos recursos têm gerado críticas e levantado preocupações sobre o direcionamento desses pagamentos. Em resposta, o Congresso está debatendo alterações na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2024 para exigir maior especificação das obras e projetos beneficiados, visando aumentar a transparência.
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, busca consenso entre os três poderes para reformular as emendas. Enquanto isso, líderes partidários consideram a possibilidade de aumentar as emendas individuais como alternativa às emendas de comissão, que têm sido criticadas pela falta de justificativa clara.
Adicionalmente, o STF tem se posicionado firmemente sobre a questão da transparência orçamentária. O Supremo já havia declarado inconstitucionais as emendas de relator, e a decisão atual reflete uma tentativa de garantir maior clareza na alocação de recursos.
Em paralelo, surgiram novas revelações sobre o Supremo Tribunal Federal. O gabinete do Ministro Alexandre de Moraes solicitou relatórios ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de maneira não oficial, com o objetivo de embasar decisões contra aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro. Mensagens e documentos obtidos pela Folha de São Paulo indicam que o setor de combate à desinformação do TSE foi utilizado como braço investigativo para o gabinete de Moraes. Esses relatórios resultaram em bloqueios de redes sociais e quebras de sigilos bancários de figuras públicas.
A revelação gerou uma grande reação no Congresso, onde parlamentares de oposição estão articulando uma proposta de impeachment contra o Ministro Alexandre de Moraes. A situação acirrou ainda mais o clima político, refletindo as tensões entre o Legislativo e o Judiciário.
Esses acontecimentos destacam um período turbulento para a política brasileira, com questões de transparência e a relação entre os poderes em foco.