A desaceleração econômica da China, um dos maiores motores do crescimento global nas últimas décadas, está começando a mostrar seus efeitos em mercados ao redor do mundo, com impactos significativos no Brasil. No programa pré-market de ontem, o criador do canal “O analisto”, Mario Goulart destacou as consequências dessa desaceleração para a economia brasileira, especialmente no setor de commodities, que inclui gigantes como a Vale.
Segundo Goulart, a China está passando por uma transição difícil, onde o crescimento acelerado que caracterizou os anos 2000 e 2010 não é mais sustentável. O aumento nos custos de mão de obra e as mudanças nas políticas econômicas internas têm levado à migração de muitas indústrias para outros países asiáticos, como Vietnã e Índia, reduzindo a competitividade industrial da China.
Além disso, Goulart explicou que o modelo econômico chinês, que dependia de grandes migrações internas e de um mercado imobiliário aquecido, começou a dar sinais de desgaste. A saturação no setor imobiliário chinês, marcada pelo excesso de construções sem demanda correspondente, resultou em uma crise significativa, afetando grandes incorporadoras como a Evergrande e diminuindo a demanda por aço e minério de ferro — produtos essenciais para empresas como a Vale.
Goulart também destacou as tensões geopolíticas que vêm dificultando as relações comerciais da China com o Ocidente. Sob a liderança de Xi Jinping, a China tem adotado uma postura mais confrontacional, exacerbada por práticas de dumping, como a venda de produtos a preços abaixo do custo de produção, o que tem levado muitas empresas ocidentais a repensar seus investimentos no país.
Para o Brasil, as consequências são claras. A Vale, que depende fortemente da demanda chinesa por minério de ferro, já sente os efeitos dessa desaceleração. As ações da empresa têm caído, refletindo as incertezas do mercado global e a menor demanda por commodities chinesas.
Mario Goulart ressaltou que, enquanto a China busca novas formas de estimular sua economia, como o fortalecimento do mercado interno e a exploração de infraestruturas logísticas através da Belt and Road Initiative, o crescimento industrial acelerado, que antes era a norma, pode não retornar.