Neste último final de semana tivemos o evento da Money Week, promovido pela EQI em Balneário Camboriú, com presença de fortes nomes da economia, inclusive o ex-presidente do Banco Central Gustavo Franco. Ele manifestou preocupações sobre a abordagem fiscal do governo federal.
Em entrevista exclusiva à BM&C News durante o evento, Franco criticou o perfil arrecadatório do Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, enfatizando que o foco em aumentar impostos não é a solução para os desafios fiscais do Brasil.
Franco apontou que, embora Haddad esteja implementando medidas para o ajuste fiscal, a ênfase excessiva em elevar a carga tributária pode ter efeitos adversos no setor produtivo e na economia como um todo. “O Brasil já paga muito imposto, a carga é muito alta. O governo e o ministro que se abraçam na causa de aumentar os impostos vão pagar certo preço por isso”, afirmou.
Dívida Pública em Alta
O ex-presidente do Banco Central destacou que a dívida pública brasileira cresceu significativamente em 2023, saltando de 71% para 77% do PIB. Ele argumentou que, sem um controle efetivo dos gastos públicos, a dívida continuará a aumentar, o que pode prejudicar ainda mais a credibilidade fiscal do país. “A solução não é só aumentar a arrecadação. O governo precisa focar no corte de gastos, mas que seja um corte de gastos estruturante e sustentável”, disse Franco.
Confusão no Mercado
A falta de um ajuste fiscal claro e sustentável, aliada às mudanças frequentes no discurso do governo, tem gerado confusão no mercado. Franco alertou que essa incerteza fiscal desancora as expectativas e afeta negativamente a confiança dos investidores. “O discurso do governo cada hora vai para um lado, o que deixa o mercado confuso e desancora as expectativas fiscais”, observou.
Necessidade de Cortes Estruturais
Para resolver os desafios fiscais do Brasil, Franco defende a necessidade de cortes de gastos que sejam estruturais e sustentáveis, não apenas medidas temporárias. Ele ressaltou que cortes pontuais, como o contingenciamento de R$ 15 bilhões anunciado recentemente, são positivos, mas insuficientes para resolver os problemas a longo prazo.