Na última Super Quarta que aconteceu no dia de ontem, os comunicados de política monetária dos Estados Unidos e do Brasil trouxeram importantes pistas sobre as políticas monetária para os mercados.
A economista Ariane Benedito, especialista em mercado de capitais, comentou sobre a decisão do Fed e as expectativas em torno da política monetária brasileira, em entrevista exclusiva para a BMC News.
Nos Estados Unidos, o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, indicou uma postura mais dovish, sugerindo a possibilidade de iniciar cortes de juros em setembro.
Embora Powell não tenha verbalizado diretamente a intenção de cortes, a interpretação de suas palavras pelo mercado foi positiva. Ele destacou que a decisão dependerá da análise dos dados econômicos, perspectivas e balanço de riscos, enfatizando que não há planos para um corte de 50 pontos base.
O comunicado do Fed, semelhante ao anterior, reafirmou que os juros só serão reduzidos quando houver confiança na trajetória da inflação rumo à meta de 2%. Powell mencionou uma divergência de opiniões entre os dirigentes do Fed, com alguns antecipando discussões sobre cortes futuros.
A leitura econômica de Powell para os Estados Unidos foi positiva, destacando a resiliência da atividade econômica e um processo de aceleração gradual que não exigirá medidas drásticas.
No Brasil, a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) foi praticamente uma repetição do comunicado anterior. A grande novidade foi a inclusão das projeções para o primeiro trimestre de 2026, refletindo a defasagem temporal das estatísticas econômicas.
O Banco Central também trabalhou com um cenário alternativo, mantendo a Selic constante, o que contribuiu para um tom mais hawkish no comunicado.
Ariane Benedito apontou que o impacto cambial continua sendo um desafio significativo para o Brasil, exacerbado pela intervenção cambial do Japão, que tem dificultado a competição das moedas emergentes com o dólar. A recente depreciação do real elevou as preocupações inflacionárias e aumentou a cautela do Banco Central brasileiro.
A expectativa de cortes de juros nos Estados Unidos trouxe otimismo para o mercado brasileiro, com a bolsa de valores registrando alta significativa. A queda nos rendimentos dos títulos norte-americanos e a alta do petróleo também contribuíram para um dia positivo. No entanto, as moedas emergentes, incluindo o real, enfrentaram dificuldades devido à valorização do dólar.
A economista ressaltou a importância de uma política fiscal comprometida com a sustentabilidade da dívida, crucial para ancorar as expectativas de inflação e reduzir o prêmio de risco dos ativos financeiros.