O governo anunciou nesta terça-feira (30), o detalhamento dos cortes de R$ 15 bilhões que afetarão todos os ministérios, numa tentativa de controlar o crescente déficit fiscal. A notícia foi recebida com grande expectativa pelo mercado financeiro, que agora busca entender de onde virão os cortes e se eles serão suficientes para a contenção necessária.
A economista Ariane Benedito comentou sobre o impacto desses cortes em entrevista durante o programa BM&C News. Segundo ela, embora o governo tenha apresentado um valor acima do esperado (R$ 15 bilhões em vez dos R$ 12 bilhões inicialmente projetados), ainda há dúvidas sobre a eficácia dessas medidas para aliviar a aversão ao risco entre os investidores. “Esse relatório é fundamental, pois traz detalhes que permitirão aos especialistas fazerem contas e entenderem se serão necessários cortes adicionais,” explicou Benedito.
Além disso, Benedito destacou a importância de alinhar as ações do governo com o discurso de responsabilidade fiscal promovido pelo presidente Lula. Apesar das recentes declarações do presidente buscando moderar seu tom, o mercado continua cético devido à disparidade entre as palavras e as ações efetivas do governo. A economista ressaltou que o déficit nominal continua a crescer, mesmo com um aumento significativo das receitas em níveis reais.
O mercado também está atento à abordagem comunicativa do governo. Segundo Benedito, a antiga técnica de comunicação populista não é mais eficaz na era da informação, onde eleitores estão mais conscientes dos problemas fiscais e das suas consequências. “O eleitor hoje tem informação e sabe qual será o problema, entendendo que, no final, ele pagará a conta,” afirmou.
A falta de alinhamento entre as diferentes instituições governamentais, como o Banco Central e o Executivo, foi outro ponto crucial abordado por Benedito. As críticas do presidente ao Banco Central prejudicam a gestão da desancoragem das expectativas inflacionárias, complicando ainda mais a estabilidade econômica. “As políticas econômicas precisam seguir na mesma direção para que o país avance. Caso contrário, você tem um país que não sai do lugar,” concluiu.