O setor público consolidado brasileiro apresentou um déficit de R$ 40,9 bilhões em junho de 2024, um valor inferior ao saldo negativo de R$ 48,9 bilhões registrado no mesmo mês do ano anterior, conforme dados divulgados pelo Banco Central do Brasil nesta segunda-feira (29).
O economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini, em conversa com o portal BM&C News, analisou os números e destacou que o resultado, embora negativo, veio próximo à projeção de sua equipe, que era de R$ 41,6 bilhões. Segundo Agostini, a estimativa de déficit anual é de R$ 100,5 bilhões, em contraste com o número menor esperado pelo governo.
Agostini ressaltou que o principal problema das contas públicas continua sendo o crescimento das despesas em um ritmo superior ao das receitas. Ele alertou que, se essa dinâmica persistir, o cenário econômico para 2025 pode se tornar ainda mais desafiador.
O especialista também mencionou as alternativas limitadas que o governo possui para aumentar a arrecadação, como o aumento de impostos, que enfrenta resistência no Congresso, e a venda de ativos, que tem sido evitada pelo governo. Agostini frisou a importância de um contingenciamento mais robusto, além dos R$ 15 bilhões já anunciados, para tentar alcançar a meta fiscal.
O cenário, segundo Agostini, é agravado pelas incertezas políticas e pelas declarações de figuras importantes do governo, que têm impactado negativamente a taxa de câmbio e a expectativa de crescimento do PIB. Mesmo com os esforços do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para controlar os gastos, a divisão interna no governo e as pressões por mais despesas tornam o equilíbrio das contas públicas um desafio contínuo.