O Ministério da Saúde anunciou a inclusão de dois novos medicamentos no Sistema Único de Saúde (SUS) para tratar a doença falciforme. A alfaepoetina e a hidroxiureia serão oferecidas gratuitamente para pacientes diagnosticados com essa condição hereditária, que afeta, principalmente, a população negra, especialmente mulheres.
A alfaepoetina é prescrita para pacientes que apresentam um declínio na função renal e agravamento da anemia, enquanto a hidroxiureia, em doses específicas, será recomendada conforme a faixa etária dos pacientes.
O que é a Doença Falciforme?
A doença falciforme é uma das condições genéticas mais prevalentes no Brasil e no mundo, afetando significativamente a população negra. Essa doença é uma condição genética hereditária que altera a forma das hemácias (glóbulos vermelhos).Em vez de serem redondas e flexíveis, as hemácias de pessoas com essa doença assumem um formato semelhante a uma foice. Essa mudança de forma causa diversos problemas de saúde.
A doença falciforme é causada por uma alteração em um gene que produz a hemoglobina, uma proteína essencial para o transporte de oxigênio no sangue. Essa alteração faz com que as hemácias se tornem rígidas e adesivas, obstruindo pequenos vasos sanguíneos e causando diversos problemas.
O diagnóstico da doença pode ser feito ainda na gestação ou através do teste do pezinho, realizado em recém-nascidos. Exames de sangue também são eficazes para detectar a doença em qualquer fase da vida.
Quais são os sintomas da Doença Falciforme?
Os sintomas da doença falciforme variam, mas os mais comuns incluem:
- Crises dolorosas: Episódios de dor que podem durar dias ou semanas.
- Maior risco de infecções: Pacientes têm uma propensão maior a infecções graves.
- Anemia: Causa cansaço excessivo e falta de ar.
- Crescimento retardado: Problemas no desenvolvimento físico.
- AVCs e problemas pulmonares: Podem ocorrer em casos mais graves.
Entre 2014 e 2020, a incidência de nascimentos com doença falciforme no Brasil foi de 3,75 a cada 10 mil nascidos vivos. A taxa de mortalidade é de aproximadamente 1,12 por 100 mil habitantes, destacando a gravidade da doença.
Como os novos medicamentos ajudam no tratamento?
A introdução da alfaepoetina e da hidroxiureia no SUS marca um avanço no tratamento da doença falciforme. A alfaepoetina, destinada a pacientes com declínio da função renal e anemia, contribuirá para a melhoria da qualidade de vida dos pacientes.
Já a hidroxiureia, administrada em diferentes dosagens para pacientes a partir de 9 meses, ajuda a reduzir as complicações da doença. Para os pacientes entre 9 e 24 meses sem sintomas ou complicações, a dosagem será ajustada para otimizar os resultados.
A inclusão desses medicamentos no SUS traz diversos benefícios para os pacientes:
- Ampliação do acesso ao tratamento: Antes, muitos pacientes com doença falciforme tinham dificuldades em ter acesso a esses medicamentos devido ao alto custo. Agora, o SUS garante o tratamento gratuito para todos que necessitarem.
- Melhora na qualidade de vida: Os novos medicamentos ajudam a controlar os sintomas da doença, reduzindo a frequência e a intensidade das crises dolorosas, além de prevenir complicações.
- Aumento da expectativa de vida: Com um tratamento mais eficaz, os pacientes com doença falciforme podem ter uma vida mais longa e com melhor qualidade.
Os novos medicamentos estarão disponíveis nas unidades do SUS em até 180 dias após a incorporação.
O que muda na vida dos pacientes?
De acordo com dados do Ministério da Saúde, em 2023, 14.620 pacientes estavam em tratamento nas Farmácias do Componente Especializado da Assistência Farmacêutica (Ceaf) do SUS.
A inclusão desses medicamentos no SUS representa uma verdadeira transformação na vida dos pacientes com doença falciforme. Eles poderão:
- Ter mais autonomia: Com o tratamento adequado, os pacientes poderão ter mais autonomia para realizar suas atividades do dia a dia, sem serem limitados pelas crises dolorosas.
- Reduzir o número de internações: O controle dos sintomas da doença leva a uma redução no número de internações hospitalares, diminuindo o sofrimento e os custos para o sistema de saúde.
- Aumentar a expectativa de vida: Com um tratamento mais eficaz, os pacientes com doença falciforme podem ter uma vida mais longa e com melhor qualidade.
Em resumo, a inclusão de novos medicamentos no SUS para o tratamento da doença falciforme é uma grande conquista para os pacientes e para o sistema de saúde brasileiro. Essa medida demonstra o compromisso do governo em garantir o acesso a tratamentos de qualidade para todas as pessoas, independentemente de sua condição financeira.