O índice IPCA-15, divulgado recentemente pelo IBGE, trouxe uma surpresa ao mercado. A economista chefe da CM Capital, Carla Argenta, comentou sobre os resultados e os fatores que contribuíram para essa alta inesperada.
Pressões sobre Preços Livres e Administrados
Segundo Carla Argenta, “a expectativa do mercado era de um aumento em torno de 0,22% a 0,23%, mas o dado efetivo foi de 0,30%”. Esse desvio foi impulsionado principalmente por dois grupos de preços: passagens aéreas e energia elétrica. As passagens aéreas registraram uma alta significativa devido às férias escolares, com uma variação de aproximadamente 19%.
Energia Elétrica e Combustíveis: Impactos Decisivos
Além das passagens aéreas, a mudança da bandeira tarifária de energia elétrica, de verde para amarela, também teve um papel importante. Carla destacou que “esse reajuste, juntamente com aumentos nas tarifas de concessionárias em regiões como Belo Horizonte, contribuiu para a inflação mais elevada”. Outro fator foi o reajuste dos combustíveis pela Petrobras, que impactou os preços administrados, que são ajustados por agências regulatórias e não pela política monetária.
Desinflação em Ritmo Lento
O processo de desinflação está em andamento, mas não no ritmo desejado. “A maior parte desse movimento já foi absorvida pelo indicador”, explicou Carla, mencionando que os preços livres, especialmente no grupo de alimentação no domicílio, apresentaram deflação. No entanto, esses preços são influenciados por fatores climáticos, dificultando a intervenção do Banco Central.
Intervenção Limitada da Política Monetária
“A política monetária tem pouco espaço para influenciar a inflação futura”, disse Carla. Os grupos de bens duráveis, como automóveis e eletroeletrônicos, apresentaram uma inflação baixa, com uma variação de apenas 0,04% em julho. Já os serviços, reajustados pela inflação passada, ainda refletem a desaceleração inflacionária acumulada nos últimos 12 meses.
Perspectivas e Fatores Externos
A variação cambial também foi citada como um ponto de atenção. “O câmbio impacta aproximadamente 30% dos itens do IPCA”, alertou Carla, indicando que mudanças recentes podem ter efeitos negativos sobre o indicador nos próximos meses.