Felipe Salto, economista-chefe da Warren Investimentos, participou nesta terça-feira (23) de uma entrevista exclusiva com Paula Moraes na BM&C News, onde esclareceu a realidade por trás do anunciado corte de gastos de R$ 15 bilhões nas despesas do governo. Segundo Salto, o valor real é de R$ 12,1 bilhões.
Detalhamento dos Cortes

“Concluímos que o corte não é de R$ 15 bilhões, mas de R$ 12,1 bilhões”, afirmou Salto. Ele explicou que, ao analisar as tabelas do relatório do governo, verificou-se que a despesa discricionária diminuiu em R$ 8,3 bilhões e houve um bloqueio adicional de R$ 3,8 bilhões. O Economista-chefe da Warren destaca ainda que o governo ainda precisa contingenciar cerca de R$ 30 bilhões para cumprir a meta fiscal.
Receitas Superestimadas
Salto alertou que a receita projetada no relatório está superestimada. “A receita projetada ainda está bastante inflada, com uma alta real acima da inflação de 9,6%,” disse ele. A previsão da Warren é uma alta real de 8,2%, exigindo cautela e ajustes adicionais do governo.
A prática de empossamento foi discutida durante a entrevista. Salto explicou que o governo fez um movimento importante em direção à responsabilidade fiscal, mas que a prática de empossamento pode comprometer a credibilidade das contas públicas. “O governo fez uma inflexão com o discurso do presidente Lula e do ministro Fernando Haddad, sinalizando responsabilidade fiscal”, observou Salto.
Cortes Necessários e Desafios Futuros
Salto enfatizou que serão necessários cortes adicionais em áreas como saúde, educação e investimentos. “Não existe mágica. Os políticos querem cortar gastos sem aumentar a arrecadação, mas isso é impossível”, afirmou ele. Ele sugeriu que o governo precisa revisar indexações, vinculações e combater fraudes para alcançar uma dinâmica mais sustentável nas despesas obrigatórias.
Salto concluiu destacando os desafios futuros para o governo. “O governo vai precisar de uma agenda que inclua medidas dolorosas para revisão de gastos”, disse ele. A ministra Simone Tebet e o ministro Fernando Haddad já sinalizaram a importância dessas medidas, mas ainda não há nada concreto.