O diagnóstico de câncer retal pode ser devastador, especialmente para mulheres jovens que desejam ter filhos. O tratamento com radioterapia, muitas vezes necessário para combater a doença, pode ter um efeito colateral cruel: a infertilidade. Mas, em meio a esse cenário desafiador, surge uma luz de esperança: a transposição uterina. Esta intervenção foi recentemente realizada na Espanha, tornando-se um marco tanto na área da saúde quanto na vida de uma paciente em particular, Rebeca Delgado.
Diagnosticada com câncer retal avançado em outubro passado, Rebeca foi confrontada com a dura realidade de que o tratamento necessário poderia comprometer permanentemente sua fertilidade. Os especialistas do Hospital del Mar de Barcelona introduziram a ela a opção da transposição uterina para proteger seu útero e ovários dos efeitos da radioterapia.

O que significa a transposição uterina?
Considerado um procedimento bastante raro e complexo, a transposição uterina envolve deslocar cirurgicamente o útero e os ovários para fora da área pélvica. Sua principal função é preservar esses órgãos vitais da exposição direta à radiação. A espanhola Rebeca se tornou uma pioneira em seu país ao aceitar e submeter-se a este procedimento, considerado o primeiro do gênero na Espanha.
Executar uma transposição uterina não é apenas tecnicamente difícil, mas também exige cuidados extensivos para garantir que a vascularização do útero e dos ovários seja mantida intacta. Segundo Gemma Mancebo, especialista que liderou a equipe médica, a preservação destas artérias é crucial para que o útero se mantenha viável após o retorno ao seu local anatômico original, o que acontece em uma segunda cirurgia pós-tratamento.
Este procedimento possui vantagens incomparáveis
A transposição uterina se destaca por suas vantagens significativas:
- Preservação da Fertilidade: Ao proteger o útero e os ovários da radiação, a transposição uterina aumenta significativamente as chances de uma gravidez natural após o tratamento do câncer retal.
- Procedimento Minimamente Invasivo: A transposição uterina pode ser realizada por laparoscopia, uma técnica minimamente invasiva que utiliza pequenas incisões e oferece menor tempo de recuperação e menos dor em comparação com a cirurgia aberta tradicional.
- Procedimento Durável: Os efeitos da transposição uterina são duradouros, permitindo que as mulheres tentem engravidar a qualquer momento após a recuperação da cirurgia e do tratamento do câncer.
- Procedimento Versátil: A transposição uterina pode ser realizada em conjunto com outros procedimentos para preservar a fertilidade, como a criopreservação de óvulos ou embriões.
Para Quem é Indicada:
A transposição uterina é uma opção promissora para mulheres jovens com câncer retal que desejam preservar sua fertilidade. No entanto, alguns critérios devem ser considerados:
- Idade: A idade ideal para a transposição uterina é antes dos 40 anos, quando a fertilidade natural da mulher ainda é alta.
- Saúde Geral: A paciente deve ter boa saúde geral e estar apta para se submeter a uma cirurgia.
- Desejo de Gravidez: A mulher deve ter um forte desejo de engravidar no futuro.
Resultados esperançosos e progresso concreto
Após enfrentar meses de tratamento e várias cirurgias, Rebeca experimentou o sucesso desta abordagem inovadora. As operações, embora complexas e desafiadoras, permitiram que seu útero fosse preservado até a reimplantação, que aconteceu em junho de 2024. Até agora, os sinais são promissores: seu útero está funcional e as perspectivas de recuperar a capacidade de engravidar são animadoras.
O cuidado meticuloso e o planejamento extenso necessários para uma transposição bem-sucedida são um testemunho do avanço da medicina moderna em tratamentos oncológicos. Esta técnica emergente não só oferece esperança para as pacientes enfrentarem o câncer, mas também preserva suas capacidades reprodutivas, conferindo-lhes mais opções para o futuro.
Enquanto Rebeca ainda continua com tratamentos subsidiários para garantir a eliminação completa do câncer e a funcionalidade total de seus órgãos reimplantados, sua história é um lembrete do poder e da potencialidade de soluções médicas inovadoras em situações onde tudo parece perdido. É, sem dúvida, um desenvolvimento emocionante na luta contínua contra o câncer e na preservação da fertilidade.