Quando pensamos em produtividade e desempenho mental, frequentemente associamos o auge da atividade cognitiva às primeiras horas do dia. No entanto, uma pesquisa recente publicada na BMJ Public Health desafia essa visão, indicando que indivíduos de hábitos noturnos podem, na verdade, exibir uma capacidade cognitiva superior comparada àqueles que são ativos pela manhã.
O estudo analisou uma vasta quantidade de dados de quase 27 mil indivíduos, com idades entre 53 e 86 anos. Essas informações, extraídas do UK Biobank, um grande banco de dados biomédico do Reino Unido, permitiram aos cientistas explorar profundamente a relação entre preferências de horário e habilidades mentais.

Como foi realizada a pesquisa?
Em uma abordagem minuciosa, os pesquisadores correlacionaram os resultados de testes cognitivos com as preferências de horário auto-relatadas dos participantes, categorizando-os em grupos de noturnos e diurnos. Os noturnos, aqueles que preferem realizar suas atividades mais tarde no dia, demonstraram uma performance significativamente melhor nos testes.
Quais foram as descobertas significativas?
Raha West, do Imperial College London e líder do estudo, comentou sobre os resultados: “Descobrimos que aqueles mais ativos à noite tendem a obter melhores resultados em avaliações cognitivas do que os que se dizem matutinos”. De fato, observou-se que os noturnos superaram os diurnos em até 13,5% no primeiro grupo e 7,5% no subsequentes.
Quais são as implicações desses achados?
Apesar desses resultados expressivos, os pesquisadores alertam que eles representam tendências gerais e não devem ser aplicados indiscriminadamente para definir a capacidade cognitiva de todos os indivíduos matutinos ou noturnos. Além disso, enfatizam a importância da quantidade de sono, indicando que dormir menos de 7 horas ou mais de 9 horas por night pode degradar a funcionalidade cerebral.
Este estudo desafia conceitos arraigados sobre o desempenho intelectual e a produtividade, sugerindo que a ciência talvez ainda tenha muito a explorar sobre como nossos horários pessoais influenciam nossa capacidade de pensar e resolver problemas. Adaptar ambientes de trabalho e estudo para considerar essas variações individuais poderia, eventualmente, maximizar a eficiência e o bem-estar de todos.
- A pesquisa foi publicada na conceituada revista BMJ Public Health.
- Foram analisados dados de indivíduos entre 53 e 86 anos.
- O desempenho de pessoas com hábitos noturnos foi superior.
- A quantidade adequada de sono também foi considerada um fator crucial.
Em suma, as implicações deste estudo convidam a uma reflexão mais profunda sobre como as organizações podem levar em conta as variações nos ciclos circadianos para melhor acomodar tanto os “corujas” quanto os “madrugadores” em seus espaços de trabalho ou estudo. Afinal, entender e cooperar com nossos ritmos naturais pode ser a chave para desbloquear novos níveis de êxito profissional e acadêmico.