Em uma entrevista exclusiva à Record nesta terça-feira (16), o presidente Lula acabou dando declarações que repercutiram no mercado. Isso porque ele enfatizou seu compromisso do governo em seguir as regras do arcabouço fiscal. “Responsabilidade fiscal eu não aprendi na faculdade, eu trago do berço”, afirmou.
O presidente também fez questão de destacar sua experiência administrativa. “Eu não sou marinheiro de primeira viagem. Eu sou o presidente da República mais longevo desse país depois de Getúlio Vargas e Dom Pedro II. Eu tenho experiência de administração bem-sucedida”, afirmou.
Em análise às falas do líder político, Ricardo Matte, sócio fundador e CEO da Vincit Capital, escritório de investimentos, destaca que os números do mercado apontam em outra direção. Segundo especialista essa narrativa vem para passar uma imagem de confiança na gestão econômica do atual governo, mas o mercado vai olhar para outras frentes e para números que não mentem.
“Se a gente for olhar, por exemplo, a produtividade do país, o crescimento do PIB projetado cerca de 2,3% para 24% é considerado baixo para impulsionar uma economia de forma robusta. Isso significa que essa recuperação vem sendo lenta e que a economia brasileira não vem conseguindo atrair esses investimentos de forma significativa, muito pelo contrário“, diz o sócio fundador e CEO da Vincit Capital.
Saída de investimentos extrangeiros
Além de exemplificar suas análises com números do PIB, o especialista também aponta para a saída recursos financeiros, que escancara a falta de confiança do mercado quanto a gestão de Lula.
“Um dos pontos de preocupação é a saída elevada de recursos estrangeiros, pegando principalmente a bolsa de valores. No início desse ano, cerca de acima de 30 bilhões de reais foram retirados do mercado financeiro. Isso acontece por várias razões. Uma delas é a incerteza que o governo traz”, declara Ricardo Matte.
Nesse ponto, Matte destaca que em fevereiro de 2024 o fluxo cambial registrou uma saída de US$ 2,12 bilhões, resultado registrado como o pior desempenho para o mês desde 2020, ou seja, dados da pandemia de Covid-19. Portanto, essa fuga de capital pode significar falta de entrada de dólar no país, enfraquecendo assim a moeda local.
“Quando tem uma narrativa onde a preocupação é na arrecadação e não no controle dos gastos, isso obviamente passa uma insegurança. Além disso, a falta de clareza dessa reforma tributária, onde se tem aí uma certa euforia em taxaçõesque traz insegurança para o investidor de saber exatamente, naquele investimento que for feito, se amanhã ou depois ele não vai ter aí um risco tributário percorrendo atrás dos investimentos dele”, conclui o especialista.