No nosso volátil mercado de capitais, as operações de Follow-On representam uma estratégia muito importante para empresas listadas na bolsa de valores que buscam expandir suas operações, reduzir dívidas ou financiar novos projetos sem recorrer a empréstimos. Diferente das Ofertas Públicas Iniciais (IPOs), onde as ações são lançadas ao mercado pela primeira vez, os Follow-Ons envolvem a emissão de novas ações ou a venda de ações adicionais por acionistas existentes, impactando diretamente a dinâmica do mercado acionário.
O que são follow-ons?
Existem dois tipos principais de Follow-Ons:
- Ofertas Primárias: A empresa emite novas ações, aumentando seu capital social. Embora isso possa diluir a participação dos acionistas atuais, proporciona capital fresco para investimentos estratégicos.
- Ofertas Secundárias: Acionistas existentes vendem suas ações ao público, sem impactar a diluição. Os fundos vão diretamente para os vendedores.
Essas operações são uma maneira eficiente para empresas obterem fundos necessários para expansão ou outros fins, mas os investidores devem considerar o impacto potencial sobre o valor das ações.
Panorama atual no Brasil
De acordo com um estudo exclusivo realizado pela MZ, no primeiro semestre de 2024, o mercado brasileiro viu seis companhias realizarem operações de Follow-On na B3. São elas:
- Boa Safra (SOJA3)
- Grupo Energisa (ENGI3)
- GPA (PCAR3)
- Priner (PRNR3)
- Serena (SRNA3)
- Vulcabras (VULC3)
Esse número representa uma redução de 33% em comparação ao mesmo período de 2023. Os setores de Energia Elétrica e Varejo foram os mais ativos nesse tipo de transação, destacando-se como os principais motores de crescimento no período.
Principais players e coordenadoras
Itaú BBA e BTG Pactual foram as coordenadoras líderes desses processos, cada uma responsável por 50% das operações realizadas. Essas instituições desempenham um papel crucial ao facilitar a captação de recursos, garantindo que as empresas possam executar suas estratégias de crescimento de maneira eficiente e estruturada.
Dados Financeiros
- 83,3% das ofertas foram primárias.
- R$4,9 bilhões em volume financeiro movimentados no 1S24.
A importância da comunicação financeira e o impacto para investidores e profissionais de RI
Para os investidores, é fundamental considerar o impacto das operações de Follow-On no valor das ações. Apesar da possível diluição da participação acionária, a alocação eficaz desses recursos pode gerar retornos significativos no longo prazo, impulsionando o valor corporativo e a confiança do mercado.
Mas e você, profissional de Relações com Investidores, que faz ou gostaria de fazer Follow-Ons, tem usado quais estratégias na geração de novos investidores?
Se você ainda tem dúvidas ou gostaria de potencializar suas estratégias, te convido a participar do FINCON Awards, uma iniciativa da MZ que reconhece a excelência na comunicação financeira das companhias brasileiras de capital aberto.
Ter uma estratégia de comunicação financeira pode ajudar sua companhia em:
- Melhorar a comunicação: Aprimorar práticas de comunicação financeira, tornando suas estratégias mais transparentes e atraentes para investidores, o que pode aumentar o interesse e a confiança em suas ofertas subsequentes.
- Aumentar a visibilidade: Ganhar reconhecimento no mercado e atrair a atenção de potenciais investidores, aumentando suas chances de sucesso em operações de Follow-On ao gerar leads qualificados.
- Adotar boas práticas: Implementar melhores práticas de governança corporativa, o que fortalece a confiança dos investidores e melhora a percepção do mercado sobre a empresa, facilitando a captação de recursos.
- Networking: Conectar-se com líderes da indústria e outros profissionais de RI, permitindo a troca de insights e estratégias eficazes para gerar leads e atrair investidores para suas operações de Follow-On.
Opinião
Como quem acompanha o mercado de capitais diariamente, posso dizer que as operações de Follow-On são uma ferramenta essencial para a saúde financeira das empresas e o dinamismo do mercado. Embora a diluição possa ser um ponto de preocupação para os acionistas existentes, a capacidade de levantar capital adicional sem aumentar o endividamento é um benefício claro.
Empresas que utilizam essa estratégia de forma eficiente demonstram uma visão de longo prazo e comprometimento com seu crescimento sustentável. Assim, os Follow-Ons não apenas fortalecem as empresas individualmente, mas também contribuem para um mercado mais robusto e resiliente.
Perspectivas para o segundo semestre
Com base no cenário apresentado no 1S24, ainda há potencial para mais operações de Follow-On este ano, especialmente se os setores mais ativos continuarem a buscar capital e se a economia mostrar sinais de recuperação. No entanto, a volatilidade econômica e a confiança dos investidores, como sempre, serão fatores determinantes. Companhias que demonstram uma gestão financeira sólida e planos claros de utilização dos recursos captados terão mais sucesso em atrair investidores para suas ofertas subsequentes. Por isso, ressalto mais uma vez a importância da comunicação financeira neste contexto.
Conclusão
Em suma, as operações de Follow-On não são apenas uma ferramenta de captação de recursos, mas um indicativo da saúde financeira e das perspectivas de crescimento das empresas listadas. Com um histórico robusto desde 2004, essas transações continuam a desempenhar um papel fundamental na dinâmica do mercado de capitais brasileiro, alimentando a inovação, o desenvolvimento setorial e a criação de valor para todos os stakeholders envolvidos.
Ao observar o panorama atual e o potencial futuro das operações de Follow-On, fica claro que essas estratégias são essenciais para promover um crescimento sustentável e fortalecer a resiliência corporativa em um mercado globalmente competitivo.
*Cássio Rufino é CFO & COO da MZ, empresa líder em soluções para relações com investidores. Graduado em Administração de Empresas pelo Mackenzie, possui pós-graduação em Finanças Corporativas pelo Insper e MBA Executivo em Finanças pela mesma instituição. É especialista em comunicação financeira e criador do método dos 3Cs, que já ajudou dezenas de RIs a gerar mais valor e aumento de liquidez para suas companhias.
*As opiniões transmitidas pelos nossos colunistas são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, a opinião da BM&C News.