Em entrevista ao BM&C News, Andrea Ângelo, estrategista de inflação da Warren Investimentos, analisou os dados recentes do IPCA de junho, que trouxeram uma surpresa positiva para o mercado. Com um desvio de nove bases em relação à mediana, a inflação mensal desacelerou mais do que o esperado, especialmente nos núcleos, considerados cruciais para a política monetária.
Segundo Ângelo, o IPCA de junho apresentou uma variação de 0,21%, abaixo da expectativa do mercado de 0,30%. “A inflação de núcleos, que exclui os ruídos e volatilidades mensais, desacelerou significativamente, com destaque para itens ligados à mão de obra, altamente correlacionados com renda e desemprego. Esta composição benigna é uma ótima notícia”, explicou.
O impacto imediato foi uma reação positiva na curva de juros local, com o mercado reduzindo drasticamente as apostas de alta da Selic nas próximas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom). “Com essa inflação corrente mais baixa, a possibilidade de aumento da Selic praticamente desapareceu do radar”, acrescentou Ângelo.
A estrategista também destacou a recente valorização do câmbio, que passou de R$5,70 para abaixo de R$5,40, contribuindo para um cenário inflacionário mais favorável. “Esse patamar de câmbio mais tranquilo ajuda a afastar o risco de contaminação inflacionária, proporcionando um ambiente mais estável”, afirmou.
Concluindo, Andrea Ângelo acredita que a Selic deve permanecer estável em 10,5% até o fim do ano, com as chances de alta sendo cada vez menores. “A inflação corrente e o câmbio favorável indicam que a política monetária não precisará ser ajustada para cima no curto prazo”, finalizou.