Nesta quinta-feira (06), o governo federal anunciou que vai manter os leilões para compra pública de arroz importado e beneficiado. O primeiro, operacionalizado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), está previsto para hoje, com a compra de 300 mil toneladas. O assunto deu o que falar no mercado do agronegócio, que inclusive busca a reversão da medida no Judiciário, e governo.
Segundo a opinião de Alê Delara, Especialista em Agronegócio e Cmdty, não é de hoje que o Brasil já faz importações de arroz. Só no ano passado, foram mais de 1 milhão de toneladas importadas. Entretanto, para ele, a importação em si não é motivo ou a causa do aumento no preço do arroz. “O governo tenta justificar a importação para controlar os preços, mas o aumento foi causado pela saída da Índia no mercado e o país tem 40,4% do market share. De acordo com a própria Conab, os preços subiram 25%, enquanto no mundo, a alta foi de 38%.”
Ainda sim, o especialista avalia que a importação será prejudicial para um grupo específico de pessoas: os produtores de arroz do Rio Grande do Sul. “A importação prejudica muito o pequeno e médio produtor, pois o governo venderá o cereal com subsídio e se os produtores praticarem os preços de mercado, não conseguirão vender, então terão que reduzir o preço, ficando no prejuízo. Como a situação lá já é uma tragédia, isto poderá tirar vários produtores do negócio e num futuro próximo, o Brasil poderá se tornar dependente das importações”.
Impacto da tragédia no RS na fabricação de arroz

Houve perdas no RS, maior produtor de arroz do Brasil, mas estas ainda estão sendo apuradas e não devem ter chegado a 600 mil toneladas. Vale destacar aqui que o estado produz por ano em torno de 7,5 milhões de toneladas. A notícia positiva é que 95% já estava colhido quanto a tragédia aconteceu.
Além disso, a produção nacional gira em torno de 10,5 milhões de toneladas e ainda há cerca de 1,5,2 milhões de toneladas de estoques, então uma oferta total próximo de 12,5 milhões de toneladas. Com esses números em mente, é importante notar ainda que o consumo dos brasileiros gira em torno de 10,5 milhões, então não há o risco de desabastecimento em 2024.
Preço do arroz sobe 11,31% entre abril e maio
Os preços dos pacotes de arroz de 5kg registraram um aumento significativo de 11,31% na faixa mais barata do produto, saltando de R$22,90 para R$25,49 entre 25 de abril e 28 de maio, conforme dados da Associação Brasileira de Supermercados (Abras). A variação foi menor na faixa intermediária, que subiu 5,01%, de R$32,75 para R$34,39, enquanto a faixa de maior preço teve um aumento de apenas 1,08%, indo de R$46,45 para R$46,95.
O aumento nos preços ocorreu após um período de quedas consecutivas nos meses de março e abril, quando o arroz estava mais barato devido à maior oferta do cereal no mercado interno durante a colheita. Em março, o preço caiu 0,90%, seguido de uma queda de 1,93% em abril, segundo o Abrasmercado, indicador que acompanha a variação de preços de uma cesta de 35 produtos de consumo frequente.