O Ibovespa fechou em queda nesta sexta-feira (31), após um pregão de baixa liquidez e instável. O indicador de preços preferido do BC dos EUA para definir o rumo dos juros por lá veio em linha com o esperado pelo mercado. Apesar disso, os investidores operaram desconfiados, pois nas entrelinhas, os números, acompanhados de perto pelos investidores, mostraram desaceleração da inflação americana, o que afetou a bolsa brasileira hoje.
Segundo análise de Rodrigo Cohen, analista de investimentos, hoje tivemos dados do PCE vindo em linha com o esperado e isso trouxe uma animação para o mercado. O PCE, na minha opinião, está bem em linha na direção da meta de inflação dos Estados Unidos. E, com isso, as apostas de uma queda de juros ainda nesse ano aumentam. Então, passou para mais de 50% a chance de isso acontecer agora, segundo a bolsa Chicago, CME. Isso anima muito os mercados.
É aquele negócio inverso. Quando os EUA soltam dados ruins, na verdade, é positivo. Dados ruins mostram que a inflação não está tão forte e vem sendo gradativamente controlada e isso acaba sendo muito bom para as expectativas de queda dos juros.

Então, veio também o gasto médio, o consumo médio, veio junto com o PCE e veio abaixo do esperado, mas bem abaixo do esperado, e isso é muito bom também, e mostra que a economia está menos aquecida.
Teremos em breve notícias eleitorais também nos EUA. Nós sabemos que o Trump é muito mais pro-mercado que o Biden, então isso ajuda também com que os Estados Unidos possam ter uma previsibilidade maior em relação a economia voltar a crescer, mas de forma sustentável, sem puxar os preços para cima e fazendo com que os juros possam gradativamente cair. Na verdade, todo mundo sempre quer que os juros caiam, toda economia, porque isso você faz com que a economia cresça. Então, no final das contas, a noticia é bem positiva.
Tivemos a divulgação da inflação da zona do euro hoje, com alta anual de 2,6%. Ainda assim acredito que eles vão sim reduzir os juros na zona do euro na próxima reunião. Não muda nada por enquanto.
Até essa semana era certo para o mercado que os juros iriam cair no Brasil mais uma vez só em 0,25%. E depois não mais provavelmente. Essa era a visão. Sendo que antes a visão era que ia cair 0,5%. Acredito que isso ainda pode mudar neste ano. Se lá fora os juros começarem a cair e o dólar se enfraquecer, aqui no Brasil isso pode ser muito bom para a bolsa.
Mesmo com dados do PCE, positivos, nossa bolsa aqui sentiu o peso dos papéis ligados a commodities, entre elas, a Vale, que engatou queda hoje após divulgação
de dados da atividade industrial que caíram além do esperado.
Já Petrobras sobe. O mês está acabando e acredito que muitos investidores e fundos ficaram vendidos em Petrobras e estão zerando posições hoje em virtude das mudanças na presidência da companhia e com o mercado ainda inseguro com a entrada da Magda.
Além de Petrobras, outra alta do dia é de Petrorecôncavo, que sobe após anunciar uma distribuição de Juros sobre Capital Próprio (JCP) de R$ 410 milhões.
Em relação ao dólar, acredito que podemos ter um cenário mais otimista para o dólar neste mês de junho. A princípio, se os dados continuarem vindo bons em relação à inflação mais baixa nos Estados Unidos, a expectativa é que o dólar possa começar uma trajetória mais baixista. Ainda mais porque dados bons lá vão reforçar a expectativa de juros mais baixos por lá também, o que é muito bom e favorável pra nossa bolsa aqui.
Mas isso vai depender também muito do comportamento da política aqui no Brasil. Próximas informações em relação à intervenção ou não do governo, que é o que tem preocupado muito o mercado. Então a gente esta aqui no Brasil sempre tendo essa novela. Se nada acontecer de notícia ruim, a expectativa é que o dólar possa ter um mês baixista em junho. E aí o real vai lá pra cima.
Confira o fechamento do Ibovespa e demais índices
- Ibovespa: 122.098,09 (-0,50%) – Na semana, o índice caiu 1,78%. Em maio, cedeu 3,04% e, no ano, tem queda de 9,01%.
- S&P 500: 5.277,80 (+0,81%)
- Nasdaq: 16.735,02 (-0,01%)
- Dow Jones: 38.689,41 (+1,52%)
- Dólar: R$ 5,25 (+0,81%)
- Euro: R$ 5,69 (+1,27%)