Nesta quarta-feira (29), Miguel Daoud, analista de economia e política, falou em entrevista exclusiva à BM&C News, opinando sobre os principais desafios econômicos que afetam a popularidade do presidente Lula. A conversa destacou a polarização no Congresso, a recente aprovação da taxação de produtos importados e suas consequências para a economia brasileira.
Daoud explicou que a recente aprovação de uma alíquota de 20% sobre produtos importados, resultado de um acordo entre o Congresso e o presidente, pode causar insatisfação entre os consumidores sem resolver os problemas estruturais da economia. Ele enfatizou que essa medida é insuficiente para salvar a indústria nacional do varejo ou melhorar significativamente a arrecadação do governo.
Polarização no Congresso e Taxação de Importados

Miguel Daoud destacou que a polarização no Congresso brasileiro tem dificultado a aprovação de políticas econômicas eficazes. Temas como as “saidinhas” e a taxação de importados são frequentemente debatidos, com a oposição mostrando grande interesse em influenciar essas discussões. O analista apontou que, embora o governo Lula tenha sinalizado inicialmente que vetaria a proposta de taxação de 60%, um acordo foi alcançado para uma alíquota de 20%.
Impacto Econômico e Popularidade de Lula
A aprovação desta taxa é vista por Daoud como uma medida que não trará mudanças significativas, mas poderá gerar insatisfação na população. Ele observou que o varejo brasileiro enfrenta grandes desafios devido à alta competitividade dos produtos chineses e à complexidade do ambiente econômico interno.
Desafios Fiscais e Econômicos
Daoud também discutiu os desafios fiscais enfrentados pelo governo, destacando a alta carga tributária e as despesas permanentes que superam o aumento da arrecadação. Ele alertou que, sem um projeto econômico claro e de longo prazo, o Brasil continuará a enfrentar dificuldades em equilibrar suas contas e controlar a trajetória da dívida pública.
Inflação e Política Monetária
A inflação e a política monetária foram outros pontos importantes abordados na entrevista. Daoud explicou que a recente alta do IPCA-15 e a desancoragem das expectativas inflacionárias dificultam a redução das taxas de juros pelo Banco Central. Ele ressaltou que o desalinhamento entre o governo e o Banco Central agrava a situação, prejudicando a estabilidade econômica e o apetite ao risco no mercado brasileiro.
Ao finalizar, Miguel Daoud reforçou a necessidade de uma visão estratégica e coerente para a economia brasileira. Sem isso, as medidas pontuais continuarão a ser insuficientes para resolver os problemas estruturais do país. Veja a entrevista completa abaixo.