O Ibovespa fechou em queda nesta sexta-feira (10). Os agentes financeiros passaram o dia analisando os dados da inflação brasileira do mês de abril, que vieram acima das expectativas, mas dentro das projeções. Além disso, os investidores devem se manter atentos ao ambiente externo, em dia de declarações de integrantes do BC americano.
Segundo a análise de Andre Fernandes, head de renda variável e sócio da A7 Capital, a bolsa cai hoje após divulgação de dados do IPCA.
“Acredito que boa parte da queda de hoje ainda está refletindo a decisão dividida do COPOM, colocando maior incerteza quanto ao rumo das expectativas de inflação. Hoje vemos novamente a inflação implícita subindo, e isso está sendo refletido nos juros futuros, que também sobem, e acaba derrubando a bolsa”, explicou o especialista.

Do lado negativo, vemos queda nos artigos para residência que apresentaram queda de -0,26%, o que pode ser justificado pela queda do consumo da população em itens mais “supérfluos”. Abrindo por subitem, vemos também pressão de baixa nos preços da banana que caíram e na queda de preço na conta de energia elétrica residencial.
Na pressão altista, vemos como grande vilão os produtos farmacêuticos, que tiveram forte alta por conta do reajuste autorizado pela CMED de até 4,5%. Outro grupo com pressão altista foi o grupo de alimentos (com destaque para aumento nos preços do tomate, cebola e mamão) que sobe pelo segundo mês seguido, muito por conta dos efeitos climáticos. Na minha visão, é um grupo que deve seguir pressionando a inflação, por conta da tragédia no RS, que é um grande produtor de alimentos do país, principalmente no arroz.
Apesar de um IPCA levemente acima do esperado, o dado mostrou evolução nos núcleos, com os serviços subjacentes caindo. Caso o item de serviços subjacentes siga desacelerando, e o IPCA em si siga comportado e siga convergindo para a meta de inflação do BC, acredito que poderemos voltar a ter cortes de -0,50% na SELIC se o cenário externo, principalmente em relação ao inflação americana, colaborar com isso, com uma desaceleração da economia por lá, e o FED iniciando os cortes de juros o quanto antes.
Há ainda uma preocupação em relação às contas públicas, visto que ainda não sabemos o prejuízo em relação à tragédia no RS, além de uma inflação mais persistente nos alimentos, já que o RS é um grande produtor.
As quedas de hoje refletem o pessimismo do mercado quanto a decisão do COPOM por um corte de -0,25%. Com isso, as ações mais sensíveis a mudanças no ciclo de corte de juros, no caso Magalu (MGLU3), Locaweb (LWSA3) e Cogna (COGN3), que fazem parte de setores que sofrem com um juros mais altos do que o esperado, caem.
Entre as principais altas, temos as ações da Alpargatas (ALPA4) e Rumo Logística (RAIL3), que divulgaram bons números em seus balanços, batendo algumas estimativas. E as ações da Minerva (BEEF3), que após divulgar números fracos nos últimos dias, tem agora uma correção técnica após mais de 9% em abril na contramão da JBS que subiu mês passado.
Juros futuros e dólar sobem muito por conta das incertezas quanto a inflação no futuro, visto que o COPOM teve uma decisão dividida. Assim, o mercado passa a colocar no preço um Banco Central mais dovish em 2025, e isso está puxando a inflação implícita e, principalmente, a curva longa do juros.
Confira os dados de fechamento do Ibovespa e demais índices
- Ibovespa: 127.599,57 (-0,46%)
- S&P 500: 5.222,67 (+0,16%)
- Nasdaq: 16.340,87 (-0,03%)
- Dow Jones: 39.512,32 (+0,32%)
- Dólar: R$ 5,15 (+0,30%)
- Euro: R$ 5,55 (+0,2%)