O Ibovespa fechou em leve queda nesta terça-feira (26), com investidores analisando dados do IPCA-15 e a ata do Copom. O Banco Central (BC) pareceu pouco disposto a cortar juros como investidores vinham sonhando. De quebra, a inflação desacelerou menos que o esperado.
Segundo a análise de Lucas Almeida, especialista em mercado de capitais e sócio da AVG Capital, as altas e baixas do IBOV hoje, reflete uma combinação de fatores. O IPCA-15 acima das expectativas colocou os investidores em alerta, sugerindo que a inflação ainda é uma preocupação para o Banco Central, que, por sua vez, mostrou na ata do Copom uma postura de cautela e flexibilidade em suas futuras decisões de política monetária.
A queda no preço do minério de ferro impactou negativamente nas ações de empresas importantes como a Vale, pesando sobre o índice.

Contudo, a leve alta também indica um otimismo contido dos investidores, possivelmente devido às expectativas de ajustes na política monetária dos EUA, o que afeta o apetite global por risco.
O IPCA-15 divulgado hoje apresentou uma alta de 0,36% em março, um resultado que veio acima das expectativas do mercado, que antecipava uma mediana de 0,32%. Esse número, na minha visão, sugere que a inflação, embora em desaceleração em comparação ao mês anterior, ainda está sob o olhar cauteloso do Banco Central.
Na minha opinião, esse resultado reforça a importância de manter uma política monetária cuidadosa e adaptável. Ainda que a inflação não esteja disparando, qualquer sinal de que ela permanece resistente é motivo suficiente para o Banco Central manter sua postura vigilante.
Isso se alinha com a recente ata do Copom, que sinalizou a intenção do BC de manter uma flexibilidade nas futuras decisões sobre a Selic.
Portanto, o mercado pode interpretar esse resultado como um lembrete de que, apesar de alguns sinais positivos na economia, ainda estamos navegando em águas incertas e que é prudente manter a cautela antes de celebrar qualquer vitória prematura contra a inflação.
Acredito que a ata do Copom sinalizou uma postura mais hawk do Banco Central frente às incertezas econômicas, destacando o dinamismo no mercado de crédito e a resiliência da atividade doméstica que complicam o cenário de desinflação, especialmente nos serviços, devido a um mercado de trabalho apertado.
Neste ata, o Comitê mostrou sua preocupação com as expectativas acima da meta por período prolongado e disse estar atento citando que requer um acompanhamento mais próximo. Nitidamente mais hawk.
Na minha visão, o momento pede uma abordagem mais cautelosa devido a tantas variáveis econômicas em jogo e juros americanos ainda seguindo com incertezas.
Caso o BC “erre a mão” e depois tenha que voltar atrás, pode piorar as expectativas quanto aos juros e causar volatilidade nos mercados. Já observamos algumas instituições de análise e agentes econômicos ajustando suas previsões para a taxa Selic, elevando-as de 9% para 9,5%, em resposta às informações divulgadas desde o último comunicado.
Entre as quedas, temos BEEF3. Após o balanço do 4T23 da Minerva, a queda de BEEF3 pode ser atribuída em grande parte ao impacto negativo dos ajustes contábeis na Argentina, devido ao reconhecimento de receitas negativas em reais. Este ajuste contábil, resultante da aplicação do IAS29 em resposta à hiperinflação argentina, provocou um impacto direto na receita líquida da empresa, reduzindo-a em R$1,5 bilhão. Essa situação complicou ainda mais o cenário para a Minerva, aumentando a incerteza em relação à sua performance financeira. Junto a isso, o processo de integração com a Marfrig adiciona complexidade operacional e desafios regulatórios, tornando as perspectivas futuras da empresa mais incertas e influenciando negativamente a percepção do mercado sobre o valor das suas ações.
BHIA3 também cai. Após divulgação de balanço, ação cai em reflexo de resultados desafiadores no 4T. A redução no GMV, especialmente online, e a queda acentuada de 45% no EBITDA ajustado evidenciam dificuldades tanto nas vendas quanto na eficiência operacional. A reestruturação em andamento, apesar de alguns avanços como redução de estoques e de pessoal, ainda deixa a empresa diante de um futuro preocupante. Outras preocupações com a estrutura de capital e os altos custos de financiamento aumentam a incerteza sobre a capacidade da empresa de se recuperar e crescer. Casas Bahia segue enfrentando o desafio de equilibrar um plano de reestruturação ambicioso com uma estrutura de capital complicada. Os resultados do último trimestre, embora preocupantes, eram esperados diante dos desafios enormes.
Já entre as altas temos SMTO3. A São Martinho anunciou a emissão de debêntures, visando levantar até R$ 1,25 bilhão. Esses recursos podem ser usados para otimizar a estrutura de capital da empresa e financiar novos projetos e também foi aprovado programa de recompra de até 14,2 milhões de ações. Esse tipo de movimento sinaliza ao mercado que a própria empresa vê suas ações subvalorizadas, o que geralmente é um bom indicativo de valor para os investidores.
Outro fator que pode estar contribuindo com a alta da ação foi um comunicado do Morgan Stanley, que manteve o preço-alvo de R$ 35/ação, vê perspectivas do etanol se tornando mais positivas na visão deles.
SOMA3 também sobe após
reportar números melhores que o esperado e apresentar melhora nos resultados operacionais, destacando-se o crescimento de 13% na receita bruta ex-Hering e um aumento significativo nas vendas online da Hering. Apesar de um prejuízo na divisão Hering devido a ajustes de estoque e um grande impairment influenciado por mudanças legislativas, o lucro líquido ajustado superou as expectativas. A fusão com a Arezzo pode trazer complexidades, mas abre espaço para sinergias valiosas.
A recuperação nas margens da Hering e o desempenho sólido da Soma apontam para uma resiliência notável diante dos desafios como: Ajustes na Hering destacados no balanço da cia e complexidades da fusão com a Arezzo, mas há oportunidades de sinergia e crescimento.
O dólar e os juros futuros estão em alta hoje devido à crescente incerteza no mercado, influenciada pela recente comunicação do Banco Central.
A ata do Copom indicou uma postura mais cautelosa do BC, sugerindo que os cortes na taxa Selic podem ser menores ou mais lentos do que o esperado anteriormente.
Isso levou os investidores a ajustarem suas expectativas para juros mais altos no futuro. Adicionalmente, as incertezas sobre a política monetária dos Estados Unidos também contribuem para essa tendência. A combinação desses fatores resulta no aumento do dólar e dos juros futuros, refletindo a antecipação do mercado a um ambiente de política monetária mais restritiva para combater a inflação e manter a estabilidade econômica.
Confira o fechamento do Ibovespa e demais índices
- Ibovespa: 126.863,02 (-0,05%)
- S&P 500: 5.203,72 (-0,28%)
- Nasdaq: 16.315,70 (-0,42%)
- Dow Jones: 39.282,98 (-0,08%)
- Dólar: R$ 4,98 (+0,19%)
- Euro: R$ 5,39 (+0,09%)