A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que busca conceder maior autonomia ao Banco Central está enfrentando uma série de críticas. De acordo com a deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR), presidente do PT, a medida poderia transformar o Brasil numa “ditadura monetária”. Esta declaração foi feita em um post publicado em seu perfil no X, anteriormente conhecido como Twitter.
Comentários de Gleisi sobre a proposta ao Banco Central

Hoffmann fez seus comentários em resposta a uma entrevista concedida por Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central, à Folha. Campos Neto na ocasião havia defendido a PEC, considerando-a uma maneira de melhorar a autonomia da instituição.
Conforme mencionado por Gleisi Hoffmann, a economia estagnou no final de 2023, com o Produto Interno Bruto (PIB) tendo um crescimento de 0% por dois trimestres consecutivos. Apesar disso, o ano ainda apresentou um crescimento acumulado de 2,9%. No entanto, a deputada responsabilizou a atuação do Banco Central por tal estagnação. Segundo Hoffman, os juros altos do BC teriam contido os investimentos, o que teria consequentemente limitado o crescimento. Além disso, ela manifestou insatisfação com o fato da ideia de maior autonomia para o BC estar sendo promovida na mídia.
Mais detalhes sobre a crítica
Além da crítica à medida, Gleisi Hoffmann também criticou o desempenho de Campos Neto, afirmando que ninguém fez mais mal ao Brasil do que ele durante o período. Ela ainda salientou que a atuação de Campos Neto no ano de 2023 foi claramente política, sendo o responsável por prolongar o mandato de Jair Bolsonaro, que originalmente o indicou para o cargo.
O deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ), por sua vez, também foi outro crítico da medida. Ele atacou a abordagem usada pelo presidente do BC para a articulação da proposta da PEC, que segundo ele foi conduzida de forma silenciosa junto ao Senado.
Campos Neto rebate críticas
Campos Neto disse que ele tentou assegurar ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que o BC tem flexibilidade, que a PEC poderá ser discutida e que nada será feito sem considerar a avaliação dele. Campos Neto acredita que mais de 90% dos bancos centrais do mundo com autonomia operacional também têm autonomia financeira.
Ao tratar com as críticas, o presidente do BC manteve a posição de que é possível ajustar a proposta de modo a incorporar as preocupações do governo. Otomista, diz que a proposta da PEC é a abertura para um debate, um primeiro passo que poderá ser aprimorado.
Apesar das críticas recebidas, Campos Neto mantém-se positivo em relação à economia, prevendo um potencial crescimento do PIB no primeiro trimestre e uma revisão do crescimento para o ano de 2024.