Em um momento de ascensão dos custos dos carros no Brasil, as montadoras vêm demandando por uma mudança na legislação que permita a venda direta, sem intermediários, para clientes pessoa física. Essa proposta tem por objetivo tornar os veículos mais acessíveis para o consumidor final e foi noticiada primeiramente pelos nossos colegas do site Automotive Business.
Entendendo a venda direta de carros
A venda direta é uma estratégia de venda onde as montadoras poderiam negociar seus veículos diretamente com o cliente, sem a necessidade de um revendedor ou concessionária. A vantagem desta modalidade reside na possibilidade das montadoras oferecerem descontos mais significativos aos consumidores, tendo em vista que inúmeros custos e margens intrínsecas à intermediação são eliminados do valor final do veículo. Há também a possibilidade de que a carga tributária seja amortecida.
No entanto, a legislação atual impede que as montadoras vendam carros de forma direta para o consumidor. Instituído na Lei Renato Ferrari de 1979, o sistema de distribuição de veículos é estruturado por meio de concessionárias e redes distribuidoras.
Cabe mencionar que a venda direta já é permitida para pessoas jurídicas, como frotistas, segmento este que tem registrado um crescimento de sua participação nas vendas totais de 43% em 2018 para uma projeção de 46,8% em 2023, conforme revela a Bright Consulting.
As repercussões da venda direta para a pessoa física
A adoção da venda direta para a pessoa física poderia desencadear várias transformações no mercado automotivo brasileiro:
- Reducão dos preços dos carros: a venda direta permitiria que as montadoras vendessem os veículos com maiores descontos aos consumidores, resultando na redução dos preços dos carros no Brasil.
- Aumento da concorrência: a venda direta deve potencializar a concorrência no mercado automotivo, uma vez que cada montadora poderia vender seus veículos diretamente ao consumidor final, sem precisar competir com outros revendedores.
- Impacto para as concessionárias: as concessionárias seriam prejudicadas com a venda direta, uma vez que perderiam uma parcela expressiva de suas receitas.
O panorama atual da discussão
De acordo com informações da Automotive Business, o debate ganhou novo impulso quando representantes da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) e da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores) reuniram-se para discutir o assunto.
Enquanto a Anfavea defenda uma atualização no modelo de distribuição para atender a um mercado cada vez mais dinâmico e digital, a Fenabrave tem um olhar mais cauteloso à luz do questionamento da Procuradoria-Geral da República ao Supremo Tribunal Federal sobre alguns pontos da atual legislação, como a exclusividade de marca e territorialidade.
O carro mais barato do Brasil na atualidade
No momento, o carro mais acessível do Brasil é o Citroën C3 na versão Live MT, cujo valor é de R$ 67.990,00. Este exemplo é uma ilustração perfeita das possibilidades de redução de preços através da diminuição da intermediação – neste caso, o desconto de R$ 5 mil é oferecido pela compra do veículo pela internet, com a entrega sendo realizada na concessionária.