Parece que a era das letras de crédito com liquidez diária está com os dias contados. Isso se dá devido à recente decisão do Conselho Monetário Nacional (CMN) de acatar as novas regras propostas pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Agora, pelos próximos 9 a 12 meses, a partir da data da aplicação, o investidor não terá liquidez diária nesse tipo de produto.
Mudanças nas Letras de Crédito

O assessor de investimentos e fundador da Casa do Investidor, Michael Viriato, afirma que “o efeito da decisão do CMN não é instantâneo. Devemos ver essas mudanças se concretizando ao longo do semestre e, até o fim do ano, isso deve transparecer de forma mais consistente nas emissões”.
As letras de crédito são ferramentas utilizadas por bancos para captar recursos destinados ao financiamento de dois setores – o agronegócio e o imobiliário. Graças ao incentivo fiscal que esses setores possuem, as letras de crédito se tornaram uma opção mais barata para os emissores.
Futuro das Letras de Crédito
Apesar das mudanças provocarem uma redução nas emissões desses títulos, especialistas acreditam que o impacto poderá ser limitado. Guilherme Sharovsky, estruturador de investimentos na Bloxs Capital Partners, justifica que “LCA [letras de crédito do agronegócio] e LCI [letras de crédito imobiliário] são produtos interessantes para captação de recursos no financiamento de mercados pujantes como o agronegócio e o imobiliário. A demanda é grande para esses financiamentos”.
Porém, a nova regra faz com que o prazo desses papéis seja inevitavelmente mais longo. Isso acarreta mudanças nas taxas e no grau de risco. Sharovsky explica que “a percepção de risco é menor quando se tem liquidez diária em um título mais curto. Quanto mais longa a emissão, maior o impacto a taxa de juros vai ter no preço do produto”.
Devido à nova tributação, os alocadores estão buscando outros ativos com capacidade de isenção de IR. Com a oferta desses títulos sendo reduzida num momento que a demanda está crescendo, os investidores precisam se adaptar a essa nova realidade.