O ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) durante todo o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), general Augusto Heleno, foi convocado nesta terça-feira, dia 30, para prestar depoimento no inquérito que investiga suspeitas de espionagem clandestina na Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante sua gestão. A intimação foi feita pela Polícia Federal (PF), com mandado emitido pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
Como a decisão de Alexandre de Moraes chegou no General Augusto Heleno?

Na época em questão, a Abin estava subordinada ao GSI, pasta comandada por Heleno. O depoimento do general está agendado para a próxima terça-feira, dia 6, na sede da PF em Brasília, onde será ouvido pela equipe responsável pelo inquérito. A investigação busca esclarecer se Heleno tinha conhecimento dos supostos atos ilegais praticados pelo então diretor Alexandre Ramagem na Abin e quem eram os destinatários dos produtos e relatórios gerados.
Como comandante do GSI, o general estava no topo da cadeia hierárquica. De acordo com fontes da PF, existem indícios no inquérito, ainda sob sigilo, que sugerem que Heleno tinha conhecimento e incentivava as supostas atividades ilegais de espionagem.
Alexandre de Moraes está atrás de quem?
A ação de segunda-feira, dia 29, é um desdobramento da operação realizada na última quinta-feira, dia 25, quando Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin, foi alvo de buscas. Na ocasião, foram apreendidos com ele seis celulares e dois notebooks, um deles pertencente à Abin. Os mandados foram expedidos pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. Segundo a decisão, Ramagem teria utilizado a Abin para realizar espionagem ilegal em benefício da família do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Entre os alvos da espionagem estavam autoridades e desafetos do governo, como o ex-presidente da Câmara, Rodrigo Maia. Nesta segunda-feira, dia 29, o presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), anunciou que pedirá ao STF a lista de parlamentares que foram monitorados pela Abin. Além disso, uma promotora do Ministério Público do Rio de Janeiro que investigava milícias também foi alvo da espionagem.