O dólar Blue, versão não oficial da moeda norte-americana na Argentina, rompeu mais um recorde na quinta-feira (18) sendo negociado por 1.240 pesos, segundo levantamento do portal Ámbito. A alta é resultado de um momento de incertezas no país, sendo o segundo recorde da cotação na mesma semana.
O “valor psicológico” do dólar Blue

Dante Moreno, da EPyCA Consultores, explicou que apesar do volume negociado do dólar Blue ser pequeno em relação ao mercado cambial argentino, seu valor é simbólico. “Tenho a sensação de que a alta é uma tentativa de não se distanciar do dólar financeiro, e também indica que o mercado não vê eficiência das medidas do governo para questões inflacionárias”, declarou.
Diferença entre câmbio oficial e paralelo
Com a escalada do valor do dólar Blue, a diferença entre a cotação paralela e a oficial superou 50%, alcançando 51,4%, a maior desde 13 de dezembro, quando o governo do presidente Javier Milei desvalorizou fortemente a moeda local.
Desde que o novo governo assumiu o poder, a equipe econômica tem adotado um regime de desvalorização gradual (“crawling peg”), que promove uma desvalorização mensal de 2% do peso. Porém, tal medida não tem sido suficiente para controlar as pressões econômicas no país.
MEP e CCL também em alta
Esse novo pico acontece na mesma semana em que as principais cotações do dólar financeiro na Argentina, o MEP e CCL, também alcançaram recordes. Na terça-feira (16), o recorde anterior da cotação do dólar Blue tinha sido de 1.180 pesos. No fechamento de quinta-feira, o dólar MEP terminou o dia cotado a 1.227,54 pesos e o CCL a 1.281,20 pesos.
Outras incertezas na Argentina
A situação no mercado cambial argentino não é a única incerteza que o país enfrenta. A Câmara Nacional do Trabalho elevou para a Suprema Corte a disputa entre o governo e organizações sindicais sobre a proposta de reforma trabalhista do presidente Milei.
Os sindicatos argumentam que as medidas previstas no Decreto Nacional de Urgência (DNU) violam as leis do país e estão questionando a decisão. Por outro lado, o governo defende essas mudanças como uma forma de retomar o crescimento econômico na Argentina.