O Ibovespa fechou em queda nesta quinta-feira (11), com mercado reagindo a divulgação dos dados de preços ao consumidor nos EUA, que subiram acima do esperado em dezembro, enquanto os pedidos de seguro-desemprego caíram mais que a expectativa. Por aqui, a alta do IPCA em dezembro surpreendeu, mas ficou abaixo do teto da meta em 2023.
Segundo a análise de Andre Fernandes, head de renda variável e sócio da A7 Capital, no cenário local, o IPCA veio acima do esperado, pressionado, principalmente, por conta da alta do preço dos alimentos, que tiveram o maior impacto no índice, fazendo com que o IPCA viesse acima do consenso do mercado. E, com isso, as apostas de cortes mais agressivos pelo COPOM foram reduzidas pelas opções digitais do COPOM na bolsa, a opção que indica um corte de -0,75% na próxima reunião agora é negociada a 8,50 (podemos interpretar como 8,5% de chance de ter um corte de -0,75%), e a aposta de se manter o corte de -0,50% está com 86% de probabilidade.
No cenário externo, o dado de inflação oficial dos EUA também veio acima do esperado, tanto o índice cheio quanto os núcleos, provocando também um ajuste nas apostas de corte de juros já em março por parte do FED. Com isso, as treasuries de 10 anos chegaram a negociar a uma taxa de 4,07% quando foi divulgado o dado, e agora opera perto da estabilidade cotada acima dos 4%. E justamente isso está provocando a queda na bolsa americana hoje. Os dois eventos que vieram pior que o esperado, an minha opinião, estão provocando esse sentimento de aversão à risco nas bolsas pelo mundo.
Das três maiores quedas hoje, das ações que compõem o Ibovespa, MRV (MRVE3) é o destaque. O mercado vem especulando que a companhia deve revisar o guidance de 2024 para baixo. Além disso, a companhia divulga suas prévias operacionais hoje após o mercado, e boa parte da queda deve ser especulação de que essa prévia deva vir bem abaixo do esperado pelo mercado.
Os outros destaques de queda são as ações de Casas Bahia (BHIA3) e Grupo Soma (SOMA3). Com um dado de inflação pior que o esperado divulgado hoje, as ações ligadas a consumo estão com forte correção, visto que o ritmo de cortes por parte do COPOM não deve acelerar tão cedo, mantendo assim o custo de crédito ainda caro no país por um tempo um pouco mais prolongado do que o mercado esperava, impactando assim todas as ações ligadas à consumo.
Nos destaques de alta, temos as ações da PRIO (PRIO3), a empresa está com boas entregas de produção, vem divulgando bons números operacionais, e com isso o BTG reiterou compra para o papel, com um upside de 80%, e isso está contribuindo para a alta das ações hoje, além da alta do petróleo que contribui também para a boa performance da empresa. As outras ações que estão subindo são Eletrobras (ELET3), com a decisão favorável do STF para que a empresa convoque uma assembléia para votar a incorporação de Furnas, que reduzirá um passivo tributário e dará ganho operacional para a empresa se a incorporação for bem sucedida, e Sabesp (SBSP3), que segue em tendência de alta desde o ano passado quando foi privatizada.
Os juros futuros operam em leve queda, depois de subirem após a divulgação do IPCA, então na parte da tarde está mais comportado depois dos agentes ajustarem suas apostas para a próxima reunião do COPOM. O dólar também opera em leve queda, refletindo o sentimento dos agentes de um dólar mais fraco no mundo, mesmo com um dado de inflação acima do esperado, os núcleos seguem em tendência de queda no acumulado, demonstrando uma desaceleração na economia americana.
Confira abaixo o fechamento do Ibovespa e demais índices
- Ibovespa: 130.648,75 (-0,15%)
- S&P 500: 4.780,27 (-0,07%)
- Nasdaq: 14.970,19 (0,00%)
- Dow Jones: 37.711,15 (+0,04%)
- Dólar: R$ 4,87 (-0,34%)
- Euro: R$ 5,35 (-0,23%)