Nesta quinta-feira (11), completa-se um ano do anúncio da Americanas (AMER3) a respeito do rombo histórico em suas contas, que chegou a ser avaliado em mais de R$ 40 bilhões e que levou a companhia a se tornar um dos maiores casos de recuperação judicial do país.
Dessa forma, desde a primeira notícia, até os dias atuais, a companhia chegou a fechar mais de 100 pontos de vendas, além de derreter na bolsa de valores, acumulando uma queda de 93% nesses 12 meses.
Além disso, a companhia também acabou sendo alvo de uma investigação no Congresso Nacional, através de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito).

Recuperação judicial das Americanas
Para não fechar as portas de vez, a varejista teve que solicitar uma recuperação judicial, que nada mais é do que um recurso para deixar de pagar seus devedores, criar um plano de recuperação e gestão de crise, para assim conseguir de fato se recuperar.
Sendo assim, em dezembro a varejista conseguiu que o seu plano de recuperação fosse aprovado na Assembleia Geral de Credores. O PSA (ou plan support agreement, sigla em inglês) da varejista contou com a adesão dos detentores de 97,19% da dívida concursal da companhia, que é de R$ 42,5 bilhões.
Em suma, o principal ponto do plano de reestruturação das Americanas prevê a injeção de R$ 12 bilhões no capital da companhia. O dinheiro vem dos seus três principais acionistas, os bilionários do 3G Capital Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira, que detêm 30,12% da varejista
Futuro da empresa
Procurada pela redação da BM&C News, a analista de ações e sócia da GTI, Paola Mello, avalia que o plano de recuperação da varejista é ousado, uma vez que são quase R$ 50 bilhões em crédito para serem reestruturados.
“O negócio só vai parar de pé, se eles conseguirem encontrar um novo modelo de negócio que seja rentável, o que é muito difícil levando em conta a situação onde a americana se encontra”, explica a analista. “Quando a gente coloca os números da fraude em análise, a gente vê que mesmo quando estava tudo bem e quando a economia estava melhor, as Americanas já não eram rentáveis”, completa.
Ela explica que vê um futuro onde a Americanas acabe perdendo espaço no mercado, bem como sua relevância, para concorrentes como a Amazon e o Mercado Livre. “Essa é uma empresa que deve seguir com uma certa contração de faturamento e perdendo gradativamente sua relevância no mercado”, diz Paola Mello.
Paola Mello explica que as perspectivas para as ações (AMER3) não são animadoras. Mesmo existindo chance de salvar a empresa, Paola explica que os ajustes precisam ser rápidos, quase cirúrgicos, já que o tempo joga contra a varejista.
“É preciso fechar as lojas deficitárias, reduzir a folha de pagamento, contratos com terceiros e tentar recuperar a rentabilidade o quanto antes, para assim seguir no mercado como uma empresa menor, porque dificilmente ela terá o market share que ela tinha antes”, finaliza.