Nesta quinta-feira (11), completa-se um ano do anúncio da Americanas (AMER3) a respeito do rombo histórico em suas contas, que chegou a ser avaliado em mais de R$ 40 bilhões e que levou a companhia a se tornar um dos maiores casos de recuperação judicial do país.
Dessa forma, desde a primeira notícia, até os dias atuais, a companhia chegou a fechar mais de 100 pontos de vendas, além de derreter na bolsa de valores, acumulando uma queda de 93% nesses 12 meses.
Recentemente, o plano de recuperação judicial da varejista foi aprovado por mais de 90% dos seus credores. Para Ricardo Rodil, economista e líder do Mercado de Capitais do Grupo Crowe Macro, a aceitação dos credores é quase um milagre.
“Na minha opinião, o Papai Noel foi generoso com o Grupo Americanas, na aprovação do plano de recuperação pelos credores pouco antes da chegada do ‘bom velhinho’. O plano contempla recursos de perto de R$ 24bilhões; metade disso (dinheiro novo) virá dos ‘acionistas de referência’, o que, em termos filosóficos parece justo, já que eles foram os maiores beneficiários dos dividendos gerados pelas fraudes contábeis. A outra metade consiste na eliminação de passivos bancários, que serão convertidos em capital; ou seja, não mais pesarão no passivo nem na geração de encargos financeiros, o que deve melhorar o resultado econômico e financeiro do grupo”, explica Rodil.

Jogo de cintura da Americanas nos últimos 12 meses
Apesar do escândalo e das estimativas negativas, que apontam que a Americanas não conseguirá se recuperar, o especialista desca que a varejista tem conseguido conquistar os credores e atuar com uma boa estratégia de negociação, fator extremamente importante.
A companhia, na minha opinião, foi levada ‘de roldão’ pelas circunstâncias. O CEO atual comenta que a companhia sempre teve o apoio dos fornecedores e dos clientes.
“A partir do plano de recuperação, a companhia tem plenas condição de reconstruir sua antiga relevância, na medida em que gere caixa para uma operação sadia e confiança no público, que volte a comprar na modalidade online”, opina o economista.
Dúvidas remanescentes
Apesar de ter sobrevivido até aqui e de continuar lutando por sua recuperação, a verdade é que o mercado ainda tem várias dúvidas sobre o futuro da empresa.
“Pessoalmente, tenho apenas uma dúvida: dado que parte da manutenção de preços atraentes estava no passado (tormentoso) ligada às manobras contábeis -especialmente a contabilização antecipada de bonificações por veiculação de publicidade compartilhada com os fornecedores-, será que as lojas, tanto físicas quanto virtuais, terão condições de praticar esses mesmos níveis de preços?”, questiona Ricardo Rodil.
Perspectivas de curto, médio e longo prazo para as ações AMER3
Questionado sobre ações da Americanas, o economista Ricardo Rodil explica que dentro desse cenário, levando-se em conta que a precificação para conversão de dívida em capital utilizado no plano de recuperação judicial foi estabelecida em R$ 1,30 e aprovado pela assembleia geral de credores, a ação pode perder ainda mais valor na Bolsa em um primeiro momento.
“A partir do início da geração efetiva de caixa -como dissemos acima- estimada para acontecer já em 2025 e se a companhia recuperar sua capacidade de pagar dividendos, a ação deve começar a ganhar valor, mas acredito que a recuperação aos valores de 2020 aconteça somente no longo prazo (5 a 8 anos) e desde que a recuperação das vendas online ganhe também impulso, na medida que os consumidores ganhem mais confiança no andamento das operações do grupo”, diz.
“Estas estimativas podem variar em forma relevante se o grupo decidir se desfazer da sua operação digital, como forma de fazer mais caixa e reforçar a atuação nas lojas físicas”, finaliza.