Aliado a uma estratégia sólida de crescimento econômico, o governo do presidente Lula planeja implementar uma nova estrutura fiscal ainda em 2023. Segundo informações vindas da pasta da fazenda, o Ministro Fernando Haddad planeja apresentar a proposta ao presidente nesta sexta-feira.
Apesar da reação positiva do mercado à notícia, existe uma parcela de economistas que expressa preocupação com a possibilidade de uma política fiscal frouxa dependente de gastos públicos. Uma dessas vozes é o economista e diretor do Ibmec, Marcio Salvato.
Os altos e baixos da economia brasileira em 2023

Salvato vê 2023 como um ano de conquistas e percalços na economia brasileira. Com acertos como o crescimento acima do esperado, a desaceleração da inflação e a política ajustada do Banco Central, o economista avalia a gestão do primeiro ano do governo Lula como bem-sucedida. “Não foi um primeiro semestre tão bom, mas no segundo tivemos um aquecimento na economia. Entramos em 2023 com a expectativa de crescer menos de 1% e é possível fechar em algo próximo a 3%”, afirma.
O impacto dos gastos públicos na economia futuro
Apesar dessa recuperação impressionante, Salvato alerta para o aumento dos gastos públicos, independentemente de o governo ter previsões para aumentar as receitas. “Por um lado, mostramos sinais de melhoria durante o ano. Por outro lado, estamos gerando um custo para o próximo ano que pode ser perigoso. Não estamos controlando os gastos, apenas aumentando a geração de receita. No médio e longo prazo, essa conta vai chegar”, avalia Salvato.
O desafio de 2024: A Mudança no Banco Central
Salvato também aponta para a tensão entre o Palácio do Planalto e lideranças do governo petista com o atual presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, como motivo de preocupação. “Teremos alguns problemas que virão em 2024 e que estão sendo pouco falados. Até então tínhamos uma queda de braço com o Banco Central e a política fiscal. O Banco Central mantém a preocupação em conter a inflação, mantendo uma taxa de juros elevada, temos uma política fiscal mais solta, com um gasto público sempre com projeção de aumento. Em 2024 teremos uma substituição do presidente do Banco Central e de novos diretores. Vamos continuar nos preocupando com a inflação?”, questiona Marcio Salvato.
É seguro dizer, portanto, que o futuro da política fiscal no Brasil é incerto. Apenas o tempo irá revelar se os planos recebem aceitação e implementação bem-sucedidas, bem como os seus possíveis efeitos no desempenho econômico do país. No entanto, uma coisa é certa: o debate econômico continuará sendo um tema importante nas discussões políticas em 2024.