Nas últimas notícias econômicas internacionais, ficou evidente que a eleição do ultraliberal Javier Milei trouxe turbulências para o mercado financeiro argentino. No primeiro dia de atividades após o pleito, o peso argentino vivenciou uma acentuada desvalorização em relação ao conhecido “dólar blue”. O câmbio neste dia específico aumentou em 13%, marcando 1.075 pesos argentinos.
Por outro lado, o dólar oficial apresentou uma cotação de 356 pesos. Se para nós brasileiros isso parece um tanto quanto estranho, é importante compreender que na Argentina há diferentes tipos de dólar que são utilizados para diversos fins e que possuem seus valores definidos de maneira diferente cada um.
Mas, afinal, o que é o “dólar blue”?

O termo “dólar blue” refere-se a um tipo de câmbio utilizado na Argentina que, apesar de ser considerado clandestino, acaba sendo mais relevante para a economia local do que o chamado “dólar oficial”. Este último tem seu valor controlado pelo BCRA (Banco Central da República Argentina), não refletindo a realidade da economia do país.
Contrariamente, o preço do “dólar blue”, por sofrer livre flutuação, acaba sendo mais alinhado à realidade econômica da Argentina, refletindo com mais precisão a oferta e a demanda pela moeda norte-americana no país. Dessa forma, este tipo de dólar é o mais utilizado no dia a dia pela população, inclusive em transações de alta relevância como a compra e venda de imóveis e carros.
Por que é mais fácil comprar o “dólar blue” do que o oficial?
Na Argentina, existem restrições para a compra do dólar oficial. Para pessoa física, é possível adquirir apenas US$ 200 por mês, além de ser taxada em 75%. Essas medidas têm como objetivo limitar a valorização do dólar oficial e amenizar a falta de reservas da moeda americana no país.
Por outro lado, o “dólar blue” pode ser adquirido sem grandes dificuldades em diversas casas de câmbio no país, tornando-se a opção mais acessível para a maioria dos argentinos. Devido a essas circunstâncias, o dólar oficial acaba sendo utilizado apenas para transações financeiras e comerciais de grande porte.
Além do “dólar blue” e do dólar oficial, nesse complexo cenário econômico argentino existem ainda outras cotações para a moeda americana no país, utilizadas para diferentes fins: dólar tarjeta para compras no cartão de crédito, dólar turismo para quem viaja, dólar bolsa e dólar CCL para investimentos, entre outros.