Apesar da observação de queda na valor médio da cesta básica em 14 das 17 capitais onde o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) realiza sua Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos, o salário mínimo que seria suficiente para cobrir as despesas de uma família não deixa de ser um valor expressivamente mais alto: custando aproximadamente R$ 6.281, ao invés do valor vigente atual de R$ 1.320,00.
Em setembro do ano atual, na comparação com o mês anterior, Brasília despontou como a cidade onde o conjunto dos alimentos essenciais teve a maior queda, de 4,03%. Em seguida, figuram Porto Alegre, com retração de 2,48%, e Campo Grande, com 2,32% a menos. Todavia, houve registro de acréscimo de preços em algumas regiões, como em Vitória (3,18%), Natal (3,06%) e Florianópolis (0,50%).
Relevância dos dados sobre o salário mínimo

Os valores coletados pela pesquisa são relevantes para se discutir o custo de vida nas diferentes regiões do país e a efetiva capacidade das famílias de arcar com suas despesas. Possibilita, inclusive, uma reflexão sobre as diferenças socioeconômicas entre as regiões norte e sul do país. Em comparação com setembro do ano passado, por exemplo, oito capitais tiveram redução do preço médio, com variações que oscilaram entre -4,98%, em Campo Grande, e -0,30%, em Porto Alegre.
Custo da cesta básica e salário mínimo
A pesquisa do Dieese destaca uma importante observação, quando olhamos para como os gastos com cesta básica afetam o rendimento do trabalhador brasileiro. No mês de setembro, o custo da cesta básica consumiu 53,09% do salário líquido, já descontada a taxa de 7,5% da Previdência Social, para aqueles que recebem um salário mínimo. Ou seja, mais da metade do rendimento desses trabalhadores é comprometido somente com a alimentação básica.
Como é calculado o valor ideal?
O Dieese explica que o cálculo do salário mínimo ideal é feito com base no valor da cesta mais cara – neste caso, a cesta de Florianópolis – levando em consideração a determinação constitucional que o salário mínimo deve ser suficiente para suprir as despesas de uma família com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência. Dessa forma, em agosto de 2023, o valor necessário era de R$ 6.389,72, representando 4,84 vezes o salário mínimo vigente na ocasião. Em setembro de 2023, o mínimo necessário sofreu um pequeno decréscimo, indo para R$ 6.306,97 – algo em torno de 5,20 vezes o valor vigente naquele momento, que era de R$ 1.212,00.