Os brasileiros que utilizam o cartão de crédito para realizar suas compras parceladas precisam ficar atentos às alterações no sistema de parcelamento que podem ocorrer em breve. Para entender o que isso significa para o consumidor médio, precisamos examinar o que foi proposto e discutido recentemente em relação ao parcelamento no Brasil.
Na última segunda-feira, uma reunião foi conduzida pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, com a participação de representantes de bancos, empresas de pagamentos e varejistas. Durante esta reunião, duas propostas principais foram apresentadas: limitar o número de parcelas sem juros a 12 vezes e estabelecer limites à tarifa de intercâmbio dos cartões de crédito.
Por que a Mudança no Parcelamento?

A motivação principal para essas mudanças está no desejo do Banco Central de controlar a prática de parcelar compras em até 13 vezes sem juros, que de acordo com o presidente do BC parece ser um “financiamento de longo prazo sem juros”. Ele afirma que tal sistema não existe em outros países, sendo uma prática limitada ao Brasil.
Além disso, Campos Neto defendeu a ideia de que este tipo de parcelamento leva as pessoas a perderem controle de suas próprias faturas, resultando em altos índices de inadimplência. Por esse motivo, o Banco Central planeja criar algum tipo de “tarifa” para desencorajar os consumidores de fazerem compras utilizando muitas parcelas.
Redução de Parcelas Sem Juros: Uma Solução para a Alta Inadimplência?
Aqueles que participaram da reunião com o presidente do Banco Central foram solicitados a simular o impacto da limitação do número de prestações a 12 vezes em seus modelos de negócios. As taxas de juros do rotativo do cartão de crédito e de intercâmbio seriam reduzidas gradativamente, sendo a redução das parcelas sem juros implementada imediatamente.
Como resultado um cenário é esperado: queda da inadimplência e dos juros do rotativo do cartão de crédito. Os juros desta modalidade atualmente beiram os 450% ao ano, com uma taxa de inadimplência de quase 50%. A redução das parcelas sem juros é vista como uma maneira de modificar esse cenário e criar uma população mais apta a pagar suas dívidas em dia.
Quais são as possíveis consequências para os envolvidos?
Se as propostas forem aprovadas, os principais envolvidos no processo de emissão e utilização de cartões de crédito serão afetados. Os bancos, por exemplo, perderão parte da receita com a limitação da tarifa de intercâmbio, mas poderão ver uma redução da inadimplência. As credenciadoras perderão receita com um número menor de parcelas sem juros, mas preservarão boa parte de sua renda com 12 parcelas ainda sem juros.
Quanto aos varejistas, o impacto não será tão significativo, pois poucos setores oferecem parcelamento acima de 12 vezes sem juros atualmente. Estes terão que se adaptar à nova realidade, uma vez que grande parte do consumo das famílias brasileiras ocorre por meio de compras parceladas.
Quando essas mudanças entrarão em vigor?
As instituições financeiras ganharam um prazo de 90 dias para apresentar uma solução para os elevados juros do rotativo. Caso uma solução não seja apresentada, pode ser que a taxa de juros seja limitada ao dobro do valor do principal da dívida no cartão, ou seja, limitada a até 200% ao ano, menos da metade da taxa atual.
Portanto, os consumidores de cartão de crédito devem prestar atenção às atualizações desta discussão, pois as mudanças propostas podem ter um impacto significativo nos seus hábitos de compra e administração financeira.