
No último encontro com a gestão da Casas Bahia (BHIA3), o Citi reduziu a estimativa do preço das ações da gigante do varejo em quase 70%, alterando de R$ 2,30 para R$ 0,70 (ainda assim representando um potencial de alta de 15% comparado ao fechamento da quarta-feira). A recomendação manteve-se neutra/alto risco. Essa revisão ocorreu em um dia marcado por declínio das varejistas, com as ações da Casas Bahia fechando em baixa de 8,20%, a R$ 0,56.
O time de análise do banco aponta que a varejista volta a operar no básico, com uma estrutura corporativa mais enxuta, porém os desafios macroeconômicos continuam. A conversa do Citi ocorreu com o CEO Renato Franklin, o CFO Elcio Ito e o responsável pelas áreas de Cadeia de Suprimentos, Relações com Investidores, Comunicações e ESG do grupo, Sergio Leme, para tratar sobre estratégia e alocação de capital após o follow-on de R$ 623 milhões (precificado em 14 de setembro).
O que a nova gestão da Casas Bahia está planejando?
Segundo os analistas do banco, a gestão da empresa apresentou uma postura coesa e fundamentada, destacando suas principais metas para curto e médio prazo, focando no controle de contingências trabalhistas e na extração de economias de SG&A (custos de vendas, gerais e administrativos).
Um dos grandes objetivos é expandir a margem Ebitda sem dependência de recuperação acentuada do faturamento. A gestão da varejista está planejando a criação de um fundo baseado em recebíveis (FIDC) para ampliar as alternativas de financiamento para o crediário, ou seja, crédito ao consumidor.
Quais são os planos para o E-commerce da Casas Bahia?
Dentro do ambiente online, a gestão revelou que tem como meta fortalecer a posição da empresa nas principais categorias de eletrônicos de consumo (como smartphones, TVs e produtos de linha branca). Além disso, há intenção de diminuir a escala no marketplace. As categorias que não obtiverem rentabilidade no estoque próprio serão operadas através de um marketplace complementar, esse procedimento será efetuado com limitado investimento em tecnologia.
Como ficarão as operações físicas da empresa?
Em relação às operações físicas, a Casas Bahia planeja prosseguir redimensionando seu portfólio, com previsão de fechar cerca de 40 lojas em 2023. Paralelamente, a empresa também está empenhada em estreitar ainda mais os laços com seus fornecedores das categorias essenciais, como eletrônicos, eletrodomésticos, entre outros. Essa relação deverá ser crucial para cumprir os planos a longo prazo de lucro.
Diante das atuais circunstâncias macroeconômicas, o Citi reitera que adotar uma postura de negócios mais cautelosa é possivelmente a melhor atitude. Mesmo assim, alerta que a recuperação deverá ser gradual e a visibilidade da recuperação do setor e do lucro deverá ser limitada.