
No decorrer dos últimos dias, o dólar à vista tem apresentado constante desvalorização no mercado brasileiro. A moeda norte-americana tem experimentado reduções sucessivas superiores a 1% contra o real, com influências vindas do cenário internacional. Olhares estão atentos aos comentários de líderes do Federal Reserve, que têm alimentado a sensação de que taxas de juros nos Estados Unidos podem se manter estáveis.
No término do dia, o dólar fechou cotado a 5,0562 reais, apresentando uma queda de 1,47%. Esta marca representa a maior baixa em um único dia desde o dia 23 de agosto do mesmo ano. Nos últimos três dias, o dólar acumulou um decréscimo de 2,18% no câmbio brasileiro.
Qual o panorama atual do dólar?
Houve uma retração quase constante da moeda norte-americana durante todo o dia, dando continuidade a um movimento que se iniciou na tarde de segunda-feira. A desvalorização ocorreu após declarações “dovish” (lenientes com a inflação) de dirigentes do Federal Reserve (Fed), órgão que controla a política monetária nos EUA.
O vice-chair do Fed, Philip Jefferson, salientou que os Estados Unidos vivem um “período delicado de gestão de risco”. Segundo Jefferson, é preciso buscar equilíbrio entre o risco de não apertar a política monetária suficientemente e o perigo de uma política muito restritiva.
Como as expectativas influenciam no valor do dólar?
A presidente do Fed de Dallas, Lorie Logan, mencionou que rendimentos mais altos exigidos por investidores para manter a dívida de longo prazo do governo dos EUA poderiam compensar a necessidade de novos aumentos na taxa de juros pelo Fed. Esses comentários equilibraram a pressão de alta para o dólar, que era alimentada pela busca de investidores por proteção à moeda norte-americana em meio ao início do conflito entre Israel e Hamas.
Outro fator que tem impulsionado o movimento de queda do dólar é a manutenção da taxa de juros nos EUA no médio prazo. Isso promove a perspectiva de um dólar mais fraco no mercado internacional, favorecendo a tendência de queda da moeda.
O que esperar do dólar de agora em diante?
Na visão de especialistas, a curva de juros nos Estados Unidos deverá manter-se em declínio, repercutindo também no Brasil. Raphael Bostic, presidente do Fed de Atlanta, reforçou que o banco central dos EUA não necessita aumentar mais os juros e que não prevê uma recessão à vista.
Neste cenário, é provável que o dólar continue tendendo a baixa no mercado brasileiro. Entretanto, o desenrolar da economia mundial, agravado por conflitos no Oriente Médio e oscilações na economia norte-americana, continuará influenciando na valorização ou desvalorização da moeda.