
No mês de agosto centenas de consumidores insatisfeitos formavam longas filas na sede da 123 Milhas em Belo Horizonte, bem como em diversos postos da Defensoria Pública e aeroportos. Em um ambiente de crise econômica, a agência interrompeu a emissão de bilhetes promocionais de viagens e estadias em hotéis sem a escolha de datas e horárias. O fim dessa promoção resultou em milhares de pagantes que não conseguiram realizar suas viagens.
A situação vergonhosa levou a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Pirâmides Financeiras da Câmara dos Deputados a investigar a 123 Milhas. O relator da CPI, deputado Ricardo Silva, do PSD, constatou indícios de que a empresa atuava como uma pirâmide financeira, uma vez que os novos pagamentos eram utilizados para custear as viagens dos clientes mais antigos.
A prática arriscada da 123 Milhas
A Polícia Federal também investigou a empresa e revelou em um relatório que a 123 Milhas tinha um modelo de negócio perigoso. A empresa aérea vendia passagens “hoje” para pagar “amanhã”, contando com preços que estavam além de seu controle e escolha. Além disso, a empresa vendia viagens para dois ou três anos à frente, data em que as companhias aéreas sequer iniciaram a venda de passagens.
Questionamentos na CPI
Em um certo momento, o deputado Ricardo Silva questionou Ramiro Madureira, um dos sócios da empresa, sobre como a empresa conseguia oferecer preços tão baixos em trechos populares, como “Paris, ida e volta, R$ 969. Roma, R$ 912”. O sócio justificou a prática com base em três premissas: momento correto de emissão da passagem, redução de marketing e receitas adicionais trazidas por várias pessoas acessando a 123 Milhas.
Análise Financeira da Polícia Federal
A Polícia Federal fez um levantamento em onze contas bancárias da empresa e observou que, de janeiro de 2019 a agosto de 2023, as operações financeiras das contas somam R$ 46 bilhões. O relatório apontou que há indícios de inviabilidade econômica na atividade da 123 Milhas, pois a empresa opera com saldo negativo desde, pelo menos, o ano de 2019.
Portanto, a saga da 123 Milhas ainda não chegou ao fim. A empresa está sendo investigada pelo Ministério Público e pela Polícia Civil de Minas Gerais. Além disso, acredita-se que na próxima segunda-feira (9), o relator da CPI entregará o parecer final sobre as acusações. A 123 Milhas porém, nega veementemente todas acusações de ser uma pirâmide financeira e promete colaborar com as autoridades para criar um plano de recuperação e voltar as atividades.