À medida que o processo eleitoral norte-americano reinicia, não há dúvida de que, se confirmada candidatura de Donald John Trump à presidência dos Estados Unidos pelo Partido Republicano, o cenário lhe será – apesar dos esforços democratas e da verdadeira caça às bruxas que o ex-presidente sofreu – muito favorável e a probabilidade da reeleição reduzida. Afinal, a opção Biden-Harris, se não for trocada pelos Democratas a tempo, não convence como uma chapa eleitoral imbatível.
Joe Biden tem sido um presidente abaixo das expectativas que se criaram a respeito dele. De fato, pouco mudou desde que o espalhafatoso Trump saiu da presidência do país. Mudou-se a forma, mas o conteúdo das políticas continuou muito próximo do mesmo. Biden talvez tivesse sido um excelente presidente há algumas décadas. Mas, no momento atual, é o homem errado no momento histórico. O mundo não ficou mais florido como se previa com Biden.
Trump, do contrário, até foi mais pacifista do que Biden na presidência. Além disso, a guerra desnecessária na Ucrânia – por uma tentativa de expansão equivocada da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) tem sido um pesadelo. Henry Kissinger, que foi Secretário de Estado no passado, sempre pontuou o erro dessa estratégia. A manutenção do cenário atual visa mais uma tentativa de desestabilizar e, eventualmente, desmantelar a Rússia, além de impactar, de maneira profunda, o processo de ascensão da China que até recentemente tinha na União Europeia o seu maior cliente. Com a guerra, os europeus empobreceram e a quantidade de renda disponível caiu substancialmente. À medida que um novo inverno se aproxima, a situação piorará.
Biden também aumentou, demasiadamente, o conflito. Poucas vezes se viu o relógio do desastre nuclear tão próximo da meia noite. Nunca se respirou tão preocupado com a preocupação nuclear. A grande sorte foi o fato de a China, de alguma forma, ter estabelecido uma linha vermelha para Moscou quanto ao uso de armas nucleares. Com a reeleição de Trump, não há dúvida de que a Guerra na Ucrânia terá curta duração. Trump não gosta de Volodymyr Zelensky e, como tem uma perspectiva transacional da arte de governar, atuará firmemente para que a Ucrânia aceite aquilo que eventualmente se configurar como novo mapa do país.
Biden vem-se transformando num problema para os Democratas. Sua condição física tem deteriorado e isto tem sido alvo de inúmeros memes e anedotas nos Estados Unidos. E, para piorar a chapa democrata, Kamala Harris se provou muito aquém das expectativas. Não demonstra liderança e tem pavor de assumir maior protagonismo. Se Biden fosse reeleito e renunciasse por qualquer motivo, Harris não impressiona como sucessora. E para assumir – é importante recordar – o Vice-presidente sempre está a uma batida de coração à distância da presidência.
Por fim, o eleitorado também reconhece que, apesar da insanidade do 6 de janeiro de 2020, e do fato de Trump ter sido um péssimo perdedor – aliás, como já era esperado – a perseguição política que ele sofreu durante e após a presidência foram injustificadas. Agora, a pergunta que fica é a seguinte: que tipo de presidente será Trump 2: pacificador ou vingador? Só o tempo dirá!
*Marcus Vinícius De Freitas é professor visitante da China Foreign Affairs University e senior fellow da Policy Center for the New South
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