É urgente uma mudança no processo de ensino-aprendizagem e a atualização da escola que conhecemos hoje, de modo que ela faça sentido na vida dos jovens e que esteja conectada aos interesses deles.
Mas, como fazer os adolescentes, fragilizados emocionalmente, deprimidos e desinteressados pela própria vida, estarem dispostos e aptos a estudar? Intencionalmente resgato o questionamento do nosso último encontro para dar continuidade ao assunto.
Quando buscamos exemplos educacionais de alto desempenho no mundo, o que se vê é um modelo estruturados em torno de um conjunto de disciplinas obrigatórias, e outro, de opcionais ou multidisciplinares.
Ensino personalizado e flexível
Nesse sentido, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) propõe o desenvolvimento das competências socioemocionais – capacidades individuais que se manifestam nos modos de pensar e sentir, na troca com os outros e com o mundo, na habilidade de tomar decisões, e na capacidade de enfrentar situações novas ou desafiadoras. Investir no desenvolvimento integral dos jovens, com intencionalidade é ato de cidadania. São as famosas “soft skills”, tão importantes para a vivência em sociedade.
Somadas às questões emocionais, atualmente, boa parte dos alunos da etapa do ensino médio estão com dificuldades de alcançar níveis adequados de proficiência em língua portuguesa e matemática, por exemplo, conteúdos essenciais que precisam ser bem desenvolvidos nos adolescentes. Segundo o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa), os alunos brasileiros de 15 anos estão abaixo da média da OCDE. A última mostra do estudo revela que, em leitura, 50% dos alunos estão abaixo do nível 2, e 50% deles estão no nível 2 ou mais. Pela análise da OCDE, é recomendável que os estudantes atinjam, no mínimo, o nível 2, considerado básico para que esse jovem alcance as devidas oportunidades.
De fato, o currículo conteudista não desperta o interesse dos jovens, ao mesmo tempo que é essencial para o formato de avaliação que temos hoje – não apenas na escola, mas no Enem e no vestibular. Garantir as aprendizagens essenciais e indicar o que é comum e indispensável ao desenvolvimento integral dos jovens exige esforço e estratégia. Correlacionar as disciplinas e mostrar sua aplicação, buscar o equilíbrio entre necessidade e flexibilidade pode gerar impactos positivos.
Para alcançarmos esse objetivo, a agenda precisa andar, confrontar as lacunas nos sistemas de ensino, melhorar a estrutura das escolas e, sobretudo, preparar as professoras e os professores, dando-lhes condições de desempenhar seu papel com plenitude.