
A Americanas (AMER3) admitiu nesta semana que as “inconsistências contábeis” da companhia se tratavam, na verdade, de uma fraude e apresentou relatório detalhando alguns valores e nomes envolvidos. Cerca de R$ 21,7 milhões foram fraudados por meio de “contratos de verba de propaganda cooperada e instrumentos similares (VPC)”.
Além disso, a empresa mostrou que as operações de financiamento de compras, ou risco sacado, somam R$ 18,4 bilhões, enquanto as operações de financiamento de capital de giro alcançam R$ 2,2 bilhões. Os números são preliminares, segundo a varejista.
A Americanas listou os executivos envolvidos na fraude. As investigações preliminares indicam a participação na fraude do ex-CEO Miguel Gutierrez, dos ex-diretores Anna Christina Ramos Saicali, José Timótheo de Barros e Márcio Cruz Meirelles, e dos ex-executivos Fábio da Silva Abrate, Flávia Carneiro e Marcelo da Silva Nunes.
Em outro fato relevante, a companhia mostrou que as fraudes ajudaram a incrementar os resultados da empresa em R$ 25,3 bilhões. O valor foi devido aos contratos de VPC artificialmente – de R$ 21,7 bilhões – criados para melhorar os balanços operacionais, além de R$ 3,6 bilhões na ausência de lançamentos de juros sobre operações financeiras, que deveriam ter transitado pelo resultado da Companhia ao longo do tempo.
Para o presidente da Associação de Investidores no Mercado de Capitais (Amec), Fábio Coelho, a fraude foi uma operação complexa na qual até auditores externos não tinham como descobrir.
“É uma fraude complexa. Estavam recebendo informações distorcidas, inclusive as empresas de auditoria externa“, afirmou Coelho, em entrevista à BM&C News. “Era muito difícil para alguém fora da companhia, que não tivesse acesso aos números, fazer qualquer tipo de identificação.”
O presidente da Amec disse que a Americanas trouxe vários indícios da fraude cometida na companhia, nomeando os diretores envolvidos.
“[O comunicado] trouxe, especialmente para acionistas minoritários, um caminho estratégico e atuação, que acho que vai nortear, daqui para frente, o caminho dos investidores“, comentou.
Fábio Coelho destacou ainda que o caso da varejista é isolado e que não se deve levar como um novo comum: “Americanas me parece um caso isolado. Não podemos tomar isso como algo trivial, que será o standard [padrão] daqui para frente”.