
Não é novidade para ninguém que as varejistas brasileiras não estão no seu melhor momento, e grande parte do setor passa por uma crise devido a fatores macroeconômicos do país.
Mesmo assim, algumas empresas específicas andam chamando a atenção do mercado por protagonizarem situações ainda piores, como foi no caso das Americanas (AMER3), que apresentou um rombo bilionário, Magazine Luiza (MGLU3), com um prejuízo líquido histórico, e até mesmo a Lojas Marisa (AMAR3), que teve seus credores indo à justiça para solicitar a falência da empresa.
Dessa forma, o terceiro caso em específico acabou virando destaque nesta semana, já que a companhia apresentou um plano de recuperação, do qual o primeiro ato foi fechar 91 lojas só neste ano.
Procurada pela redação da BM&C News, a analista de ações e sócia da GTI, Paola Mello, avalia que a decisão de fechamento das lojas é uma boa notícia para a empresa, que além de estar buscando uma reestruturação financeira, também faz alterações na estrutura corporativa .
“Essa é uma excelente alternativa para o momento atual da companhia já que antes de pensar em ganhar dinheiro, a primeira coisa que é preciso pensar em um momento como esse é em como não perder mais dinheiro. Então fechar lojas deficitárias assim é fundamental”, diz a analista, que ainda explica que esses fechamentos de loja tem como objetivo voltar a fazer com que as Lojas Marisa sejam rentáveis de novo, mesmo que no futuro ela seja uma empresa menor.
Perspectivas para o futuro das Lojas Marisa (AMAR3)
A analista avalia que a companhia, bem como suas ações, ainda terão que passar por um caminho tortuoso, mesmo com o sucesso do plano de recuperação. Isso porque, para a sócia da GTI, além dos desafios macroeconômicos, a varejista de moda ainda terá que enfrentar concorrentes fortes no mercado, como é o caso do site chinês de moda, a SHEIN.
“Os players chineses começaram a trazer muitos produtos baratos para o Brasil, sem pagar impostos e isso acirrou muito a competição para os clientes que poderiam comprar da Marisa. Então, antigamente ter produtos financeiros, oferecer um parcelamento, era um grande diferencial, mas depois desse boom das fintechs e bancos digitais todo mundo tem um cartão de crédito, então só o produto financeiro não é mais um diferencial”, diz Mello.
A Lojas Marisa (AMAR3) ‘foi de Americanas’?
Apesar das previsões um tanto desconfortáveis para a varejista de moda, Paola Mello acredita que a Marisa não terá o mesmo destino que as Americanas. Ela explica que o pano de fundo das duas empresas pode até mesmo ser parecido, mas os detalhes são bem diferentes, e eles são importantes para definir diferentes futuros para as duas empresas.
“Eu não acho justo colocar as duas empresas em pé de igualdade. Eu acho que a Marisa tem suas questões sim, já que ela é uma empresa que já vinha sofrendo há alguns anos, muito antes do caso Americanas, ela está tentando endereçar essa agenda interna, mas é um momento difícil para essa situação. Renegociar dívidas depois do caso Americanas, quando as taxas de juros estão elevadas, quando o macro está desafiador certamente não é fácil, mas eu não colocaria as duas empresas na mesma cesta”, finaliza Paola.