
Nesta sexta-feira (31), Alan Ghani, economista-chefe da casa de análise SaraInvest, participou da programação da BM&C News e comentou o novo arcabouço fiscal, que foi apresentado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na última quinta-feira (31).
Para Ghani, a nova regra é um pouco confusa e aponta que há dois fatores que coexistem. “Primeiro, a despesa não pode aumentar mais do que 70% da arrecadação, já a outra regra, significa que é no mínimo inflação mais 0,6%, ou inflação mais 2,5%, prevalecendo o que é menor, então já ficou uma coisa meio confusa, mas em ambas as regras há foco no aumento da arrecadação, então se a arrecadação aumentar, a despesa também aumenta, mas não na mesma proporção”, explica o economista.
Mediante as dúvidas pontuadas, Ghani explica que o governo não terá outro caminho para alcançar as metas que estabeleceu a não ser aumentar a sua arrecadação. Além disso, ele explica que achou as metas estabelecidas um pouco ambiciosas.
“Como é que a gente vai sair de um déficit primário de 1% do PIB para uma zeragem? É muita coisa. Teríamos que ter um cenário econômico muito otimista, coisa que não está no radar. É lógico que tudo pode surpreender, mas em condições normais não atingimos essa zeragem do déficit primário”, afirma Ghani.
Em suma, o economista também destaca, como ponto negativo, que o novo arcabouço fiscal está muito atrelado à arrecadação do governo federal e essa seria uma questão muito difícil de controlar. “Você contrata a arrecadação? Você não controla o crescimento econômico. Em uma empresa, você não consegue contratar sua receita. A receita depende de uma série de circunstâncias, se vai ter demanda ou não. Agora, o custo você controla e este é o problema”, explica.