
O Comitê de Política Monetária (Copom) sinalizou pela primeira vez sobre o novo arcabouço fiscal que o governo deve apresentar nos próximos dias, uma vez que a viagem do presidente Lula para a China foi adiada. Conforme divulgou o Banco Central nesta terça-feira (28), o ata da última reunião do Copom reconheceu que uma nova âncora fiscal plausível pode contribuir para um cenário de desaceleração da inflação.
“O Comitê destaca que a materialização de um cenário com um arcabouço fiscal sólido e crível pode levar a um processo desinflacionário mais benigno através de seu efeito no canal de expectativas, ao reduzir as expectativas de inflação, a incerteza na economia e o prêmio de risco associado aos ativos domésticos”, afirmou o parágrafo 18 da ata.
Apesar disso, o comitê enfatizou que “não há relação mecânica entre a convergência de inflação e a apresentação do arcabouço fiscal, uma vez que a primeira segue condicional à reação das expectativas de inflação, às projeções da dívida pública e aos preços de ativos”.
O BC também destacou que é importante ter “paciência” para que os efeitos da taxa de juros sejam sentidos no controle da inflação. “O Copom enfatizou que a execução da política monetária, neste momento, requer serenidade e paciência para incorporar as defasagens inerentes ao controle da inflação através da taxa de juros e, assim, atingir os objetivos no horizonte relevante de política monetária”, afirmou.
O governo segue pressionando o BC a iniciar o corte dos juros. O presidente Lula já criticou diversas vezes o atual patamar da Selic, que chamou de “vergonha”. O chefe do Executivo também afirma que o presidente da autarquia, Roberto Campos Neto, não tem compromisso com a lei de autonomia do Banco Central.
Logo no início da ata, o Copom manteve a taxa neutra de juros em 4%, mas “avaliou cenários alternativos e identificou que os impactos de uma elevação da taxa neutra sobre suas projeções crescem no tempo e passam a ser mais relevantes a partir do segundo semestre de 2024”.
Setor bancário global
A ata do Copom também sinalizou que segue atento à situação no setor bancário pelo mundo, principalmente nos Estados Unidos e na Europa, e que, até o momento, o efeito em países emergentes é limitado.
“O Comitê seguirá acompanhando de forma atenta essa situação, analisando os possíveis canais de contágio, mas avalia que o impacto direto sobre os sistemas financeiros doméstico e de outros países emergentes é, até o momento, limitado, sem mudanças na estabilidade ou na eficiência desses sistemas financeiros”, enfatizou o BC.