
Estive, recentemente, em visita a uma cidade litorânea do Estado de São Paulo. Em que pese a situação trágica das últimas semanas, pode-se observar que muito pouco se evoluiu em questão de desenvolvimento em muitos destes lugares. A pobreza abunda e problemas repetidos do passado seguem sem resolução. Entra governo, sai governo, a situação é a mesma. A população acostumou-se a um quadro de miséria e pobreza que parecem impossíveis de sobrepujar. O brasileiro se tornou um escravo de um estado meliante e ineficiente, instituições fracas, discursos políticos ultrapassados e enganadores e instituições bancárias, com juros extorsivos. Muitos sustentam a riqueza de pouquíssimos.
O antigo filósofo chinês, Han Fei Zi, afirmou: “A chave para atingir suas aspirações está não em sobrepujar os outros, mas em superar suas próprias fraquezas.” O desenvolvimento efetivo de uma nação parte de uma análise profunda de suas fraquezas e debilidades para se iniciar o processo de superação, ao darem-se os passos necessários para levar a nação a um novo patamar de desenvolvimento econômico e social. É, particularmente, essencial superar as barreiras mentais que existem e que perpetuam a pobreza.
A diferença de uma nação desenvolvida e uma nação menos desenvolvida reside na maneira como o país utiliza, de maneira eficaz e eficiente, os recursos que possui. Países, às vezes, com poucos recursos naturais, como, por exemplo, a Suiça, logram fazer muito com o pouco que possuem. Já outros países com abundância de recursos naturais – como o Congo (e o Brasil) – podem tornar-se escravos desta abundância sem dar saltos qualitativos no processo de crescimento econômico. Os recursos não são utilizados de maneira eficiente, com uma corrupção rampante, o que inviabiliza as possibilidades futuras.
Para sobrepujar a pobreza, é essencial livrar-se da mentalidade da pobreza. É preciso fazer com que a população tenha o desejo de ter uma vida melhor e tornar este objetivo uma fonte importante de motivação na luta contra a pobreza. É, portanto, essencial que se instile na sociedade a confiança no trabalho árduo e intenso para adquirir prosperidade. O indivíduo precisa confiar no seu esforço pessoal e tenacidade, recebendo do Estado o apoio necessário para crescer economicamente. A atividade bancária jamais pode remunerar mais que a atividade produtiva, os impostos jamais podem desincentivar o capitalismo e a busca da prosperidade.
O recurso mais importante que uma sociedade tem é a sua população. É desta população que surgirá a criatividade e inovação para promover o crescimento e desenvolvimento. Uma sociedade educada, com o devido estímulo à competitividade, aprende a utilizar inteligentemente os recursos que possui. A educação é a pedra fundamental deste processo.
A China impressiona pela maneira como o país tem incentivado a competitividade entre os estudantes. Há alguns anos, por exemplo, foi anunciado que seria uma das políticas públicas do país ter duas de suas universidades, em duas décadas, entre as vinte principais universidades globais. O resultado foi alcançado com as Universidades de Pequim e Tsinghua listadas como duas das melhores universidades mundiais. E nas próximas décadas, o número tenderá a aumentar.
Promessas de distribuição de renda não enriquecem um país. A única coisa que enriquece uma nação é o trabalho árduo de seu povo. Agora, será que o Brasil promove ou atrapalha o seu próprio desenvolvimento? Não é hora de discutirmos o básico: educação, capitalismo e crescimento?
*Marcus Vinicius de Freitas é professor Visitante da China Foreign Affairs University