A invasão da Rússia no território ucraniano por meio de uma “operação militar especial” completa um ano nesta sexta-feira (24). O presidente russo, Vladimir Putin, declarou em 24 de fevereiro de 2022 que o objetivo do país no vizinho era a de “desnazificar” a Ucrânia. Além disso, a intenção de entrar na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) representava um “grande perigo”.
Após um ano completo do conflito, as evidências trágicas, tanto humanitárias quanto econômicas, são vísiveis. Milhões de ucranianos foram forçados a saírem de suas casas e se deslocarem para nações vizinhas. A Ucrânia, considerada um celeiro para o mundo, viu suas exportações despencarem, assim como sua atividade econômica.
“O fato é que, passado um ano da Guerra na Ucrânia, o mundo ficou muito mais inseguro e a estabilidade pós-Guerra Fria parece exaurir-se cada vez mais”, destacou o professor Marcus Vinícius de Freitas, em seu artigo na BM&C News sobre o conflito. “A economia global, tampouco, conseguirá recuperar-se tão rapidamente quanto se esperava após o fim da pandemia da Covid-19. Para piorar, muitos pretendem, no Ocidente, reproduzir as mesmas técnicas do passado buscando, através dela, conter o avanço de eventuais concorrentes.”
Confira os principais números da guerra da Rússia na Ucrânia:
Refugiados
Assim que iniciou o conflito, uma crise humanitária rapidamente se instalou, e milhões de residentes ucranianos foram forçados a saírem de suas casas por segurança.
De acordo com dados o Alto-comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, mais de 8 milhões de pessoas saíram da Ucrânia para se refugiarem na Europa. Os principais países de destino dos refugiados são Polônia e República Tcheca.
Além disso, estima-se que mais de 5,3 milhões de pessoas ainda estejam deslocadas internamente na Ucrânia.
Mortes Civis e Militares
Nem a Rússia ou a Ucrânia divulgaram oficialmente os números das baixas militares, mas acredita-se que ambos os países tenham sofrido grandes perdas no campo de batalha desde 24 de fevereiro de 2022.
As estimativas de perdas variam de acordo com a fonte consultada. Os Estados Unidos e aliados ocidentais acreditam que a guerra já tenha causado mais de 300 mil mortes militares dos dois lados, com a maior parte sendo da Rússia (cerca de 200 mil).
Já as mortes civis são consideravelmente menores, segundo as estimativas do alto comissariado dos Direitos Humanos da ONU. O número de civis mortos está em 7.199, enquanto o de feridos está em 11.756 feridos na Ucrânia desde o início dos conflitos. A maior parte das vitimas ocorreu nas regiões de Donetsk e Luhansk.
A maioria das vítimas foram atingidas por armas explosivas e ataques aéreos e de mísseis de forças russas. O escritório destacou também que o número de mortos na Ucrânia é provavelmente maior, uma vez que o conflito armado causa um atraso na contagem.
Exportação e PIB
Segundo dados preliminares do ministério da Economia da Ucrânia em janeiro, o Produto Interno Bruto (PIB) do país está estimado para cair 30,4% em 2022. O dado chega a ser melhor do que as projeções iniciais, indicou o órgão.
Para a Rússia, o número é consideravelmente menor. De acordo com a Economic Expert Group, agência oficial de estatísticas da Rússia, a economia contraiu 2,1% em 2022.
Cerca de 60% da população ucraniana vive hoje na linha da pobreza, conforme reportou o Banco Mundial. Os ataques da Rússia destruíram cerca de US$ 139 bilhões em infraestrutura ucraniana.
Outro dado da ACNUR mostra que a situação humanitária na Ucrânia “deteriorou-se rapidamente”. Cerca de 40% da população já depende de ajuda humanitária.
Crimes de Guerra
De acordo com o comissário de justiça da União Européia, há relatos de 65 mil suspeitos de crimes de guerra desde que a Rússia lançou sua invasão à Ucrânia.
Os crimes de guerra ocorrem ao se violar alguns dos acordos feitos pelos países ao longo da história, como a Convenção de Genebra e o Protocolo de Genebra. Qualquer violação desses padrões é um crime de guerra que pode ser processado no Tribunal Penal Internacional de Haia.
“Todos testemunhamos com horror as evidências de atrocidades cometidas nas regiões de Bucha, Irpin, Mariupol, Izium, Kherson, Kharkiv e outras cidades e vilas libertadas”, disse o procurador-geral da Ucrânia, Andriy Kostin, acrescentando que as autoridades ucranianas descobriram covas em áreas ocupadas por tropas russas.
Contribuições à Ucrânia
Desde o início da guerra, a Ucrânia recebeu bilhões e mais bilhões em ajuda militar, humanitária e financeira. O Kiel Institute for the World Economy fez um levantamento sobre as ajudas à Ucrânia ao país e constatou mais de US$ 150 bilhões de contribuições. O número conta com países aliados e entidades internacionais.
Os Estados Unidos, sozinho, já auxiliou a Ucrânia com US$ 77 bilhões e lideram com distância. Instituições na União Europeia ficam na segunda colocação com US$ 36 bilhões. Entre as nações europeias, o Reino Unido é o país que mais ajudou a Ucrânia, com US$ 8,77 bilhões, seguido da Alemanha, com US$ 6,49 bilhões.
Rublo e bolsas
O Rublo, a moeda oficial da Rússia, passou por uma montanha russa ao longo de 2022. Chegou a atingir sua mínima histórica ante o dólar logo depois que voltou a ser negociada. Em junho, atingiu a sua máxima em sete anos, mesmo com as diversas sanções aplicada contra o país.
A valorização foi elogiada pelo governo russo, que destacou a recuperação do câmbio como uma prova da resistência da economia diante das sanções aplicadas pelo Ocidente. Hoje, um rublo corresponde a 0,013 dólar. Em outras palavras, um dólar corresponde a 76 rublos.
A bolsa russa, por sua vez, não teve tanta sorte assim. O índice MOEX, de Moscou, chegou a operar aos 4 mil pontos em 2021. Entretanto, quando as hostilidades começaram, a bolsa russa começou a declinar até chegar ao patamar próximo dos 2 mil pontos. Nos últimos pregões, o MOEX opera próximo dos 2.200 pontos.