
O Ministério da Agricultura e Adepará (Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará), confirmaram na noite desta quarta-feira (22), um caso positivo para a doença da “vaca louca”, conhecido como EEB (Encefalopatia Espongiforme Bovina).
Conforme o comunicado da Adepará, o caso é tratado de forma “atípica”, considerando que a doença surge de forma espontânea pela natureza, sendo assim, não causando risco para seres humanos e transmissão ao rebanho. Mesmo assim, testes foram enviados ao laboratório no Canadá para confirmar a tese.
Opinião de Especialista
Segundo João Castaldo, doutor em agronomia e produtor rural, a situação pode ser considerada “simples”: “Há dois tipos de vaca louca, o clássico (transmissível para os humanos e ocasionado pelo consumo de resíduos animais via ração) e o atípico, que é como um câncer, que acomete animais em idade avançada (não transmissível para os humanos e de ocorrência aleatória na natureza). O caso do Pará, aparentemente é atípico, como foram os de 2021. Só falta o resultado dos exames realizados somente no Canadá, para confirmar a tipificação.” – diz João Castaldo com exclusividade para a BM&C News.
A agência de Defesa Agropecuária do Pará disse que o caso foi registrado em uma pequena propriedade no sudoeste do Pará, contando com 160 cabeças de gado. A fazenda foi inspecionada e segue isolada, interditada de forma provisória.
De acordo com João Castaldo, “o que se sabe até agora é que o animal vivia a pasto e não em confinamento (onde os casos são muito mais frequentes). Amostras foram enviadas para o Canadá para comprovar a classe “atípica” que não contamina o ser humano”.
“Além disso, as exportações para a China são suspensas, pois o acordo entre os países contempla um dispositivo automático de suspensão em caso de comprovação de um caso. Da última vez (2021), as exportações ficaram fechadas por somente 3 meses, pois se comprovou também forma atípica”
Últimas ocorrências da doença no Brasil
As últimas ocorrências da doença da “vaca louca” foram registrados no Brasil em 2021, em frigoríficos localizados em Nova Canaã do Norte (MT) e Belo Horizonte (MG). Como a China (considerada a maior importadora de carne bovina brasileira) possui um dispositivo automático de suspensão em caso de comprovação, que suspendeu as compras entre setembro e dezembro de 2021, após a comprovação de caso atípico da doença.
Vale a pena relembrar que o Brasil é considerado pela Organização Mundial da Saúde Animal (OIE) como um território insignificante para a ocorrência da “vaca louca”. Nos últimos anos, foram registrados somente apenas casos isolados e atípicos da doença, que foram eliminados.
O que é a doença da Vaca Louca?
A Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), conhecida como “vaca louca”, ficou conhecida mundialmente anos 90 após o surto no Reino Unido. Na época, houve suspensões do consumo de carne bovina no país, pois poderia causar problemas de saúde em humanos.
A doença é considerada degenerativa ao sistema nervoso do boi, alterando o seu comportamento, ficando agressivo, por isso o nome foi de “vaca louca”.
A contaminação do gado ocorre pela razão de consumo de rações feitas com proteína animal contaminada, como ossos e farinha de carne de outras espécies.
No Brasil, é crime federal alimentar animais ruminantes com resíduos de exploração de outros animais, pois podem conter restos e contaminar o gado. Além disso, é proibido o uso destes ingredientes na fabricação de ração para bovinos.
Exportações de carne suspensas até fim de março
O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, confirmou nesta quarta-feira que as exportações de carne bovina à China, começarão a ser suspensas a partir de amanhã e poderão ser retomadas até o fim de março, quando o presidente Lula irá visitar a China e deverá tratar deste caso diretamente com as autoridades chinesas.